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Lula vai dançar o hardcore do Lira pra não dançar?

Por Helcio Albano

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Quando dizíamos que as eleições pro Congresso seriam tão ou mais importantes que pra presidência, taí. Ontem (24) Lira [et caterva] mostrou que tá tudo dominado na Câmara. E que vão jogar pesado, à beira do inconstitucional, pra arrancar tudo que podem e que não podem do governo. Assim como um time argentino disputando a Libertadores "vale-tudo" dos anos 1960.


Sorte do Brasil que, assim como o Santos tinha o Pelé, temos o Lula pra enfrentar a "bocarra" dos deputados nessa "Bambonera" hostil de cotoveladas e carrinhos maldosos por trás do Centrão e da direita. Que pressionam a zaga bem postada do país, que ainda resiste, mas que logo sucumbirá se não vier os reforços do povo pra equlibrar a partida.


A gula parlamentar foi longe demais. Desfigurou ministérios, sobretudo o do Meio Ambiente a mando dos "cartolas" do agro, foi subserviente aos milicos devolvendo a Abin para o temerário GSI e ainda por cima asfixiou o Fundeb debaixo de um teto que nem o Temer teve coragem de fazer. Mas, assim como no futebol, existen regras no país. E a maior delas é a Constituição.



Hoje pela manhã o "beque vingador" Flávio Dino usou o seu Twitter pra lembrar ao Sr. Lira que o Brasil ainda não é semi-presidencialista. E mostrou o art. 84 que diz de modo cristalino que a organização administrativa é ato privativo do Executivo que pode fazê-lo por decreto. Simples assim.



Esse é o regulamento que Lula tem debaixo do braço. Vai usá-lo? Vai dançar pra não dançar?


O som é hardcore, parceiro!


Nessa partida, empate é vitória pra levar o Caneco no jogo de volta, em 2026.


Plus

Então, começo o tempo complementar da Coluninha assim: não, não teremos um governo de esquerda. Teremos ações pontuais de ministérios aqui e ali mais ou menos progressistas. E também ações pra tentar fechar a porteira onde a boiada continua passando com força, principalmente (e literalmente) na área ambiental.


O orçamento continuará sequestrado pelo rentismo por um bom tempo e o máximo de concessão que o sistema finaneiro poderia dar é coisa nenhuma. Como se dissesse: "Tá bom. Assim como tá tô satisfeito. Pode continuar pegando o que cai da mesa. Tudo bem".


Bônus

Existe uma coisa chamada "correlação de forças" que precisa ser entendida. Se não é só decepção.


O país está muito dividido. O Congresso não. Pelo menos 3/4 de sua composição é de direita. E toda proposta do governo que for pra lá, será "endireitada". Não surte por causa disso.


A própria composição política na sociedade nas regiões sul, sudeste e centro-oeste é de direita. Isso é um dado da realidade que se você ignorar vai quebrar a cara.


Bônus-Track

"Pô doidão, vai capitular, entregar os pontos pro Lira?"


Pelo contrário. Há um tensionamento de refluxo do reacionarismo na política a partir do lavajatismo, que também está em refluxo. A tendência é necessariamente piorar pra melhorar, pelo menos em relação ao reequilíbrio entre os poderes.


É aí que Lira e sua rapaziada terão que assumir e responder pelas suas capivaras.


Segura as pontas!


***

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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.


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