Lessa diz em depoimento que não pretendia matar motorista de Marielle: 'Infelizmente aconteceu'
Durante o júri popular desta quarta-feira (30), o ex-PM Ronnie Lessa declarou que não pretendia matar Anderson Gomes e disse estar "absolutamente arrependido" do crime. De maneira fria, o acusado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista relatou que o objetivo não era atingir o rapaz. Enquanto o réu falava, Luyara Franco, filha de Marielle, deixou a sala onde acontece a audiência. Já Ágatha Arnaus, viúva de Anderson, chorou quando Lessa mencionou a morte do marido.
"Infelizmente aconteceu a questão do Anderson. Não era a finalidade, mas eu sabia que corria o risco de acertar outra pessoa. Dei uma rajada", afirmou, com indiferença, explicando que soube da morte após ele e Élcio de Queiroz irem a um bar, onde ouviram que duas pessoas haviam sido assassinadas no Centro do Rio.
Ao descobrir que os tiros mataram o motorista, Lessa revelou ter ficado "tenso". Quando questionado se a morte da vereadora também lhe causou apreensão, ele reformulou, dizendo ter ficado ainda mais perturbado com a execução de Anderson e que descontou o "estresse" nas bebidas.
Aos júris, o réu garantiu que vai apontar todos os envolvidos no crime. "Gostaria de aproveitar para expressar meu absoluto arrependimento, pedir perdão para a família do Anderson, da Marielle, a minha própria família e à sociedade. Infelizmente não podemos voltar no tempo, mas quero fazer o possível para amenizar a angustia. Assumir minha responsabilidade e trazer todos os personagens envolvidos", disse no final do depoimento.
O depoimento de Lessa durou pouco mais de duas horas no 4º Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Rio. Ele revelou que Marielle deveria ter sido executada antes, mencionando que, em uma ocasião, ela chegou a visitar duas vezes um bar na Praça da Bandeira, próximo ao local de trabalho de Edmílson Oliveira da Silva, o "Macalé". No entanto, a ausência dele no local teria adiado o plano.
Ainda segundo o réu, havia uma exigência dos mandantes do crime para que não acontecesse na Câmara dos Vereadores. No início, Lessa achava que seria para não levantar suspeitas, mas depois descobriu que se o crime fosse cometido ali, o caso iria pra Polícia Federal e não para a Polícia Civil. "Havia uma pessoa que ajudaria a não elucidar os responsáveis pelo crime", disse.
Lessa, em certo momento, referiu-se ao homicídio como um "trabalho" e disse sentir frustração pela demora em definir um local adequado para a execução. Além das acusações de assassinato, o assassino confesso negou envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro. Defendeu que tinha negócios próprios — uma academia e quiosques — que não estavam no seu nome por conta do processo de divórcio.
"Minha casa é dinheiro limpo. Andei fazendo umas besteiras? Sim. Mas aquilo foi um dinheiro suado, de verdade. É lícito", declarou.
*Com informações O Dia
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