Hora de Novos Rumos na Cultura - por Helcio Albano
Começa neste sábado (04/12) a "Viração Cultural", evento tirado da cartola de improvisos da Secretaria responsável que insiste em reproduzir velhos vícios que de tão velhos já são pra lá, mas bem pra lá, de anacrônicos. Novamente repete-se o modelo gracioso de apresentação dos artistas que ainda aceitam tal prática. Nada contra. Cada um faz o que quer de sua arte ou força de trabalho. Longe de mim d’euzinho aqui decidir se ela deve ou não ser remunerada.
Dizendo isso parece que de minha parte encerro a discussão iniciada pelo Gregório de Matos neste jornal na última quinta (02), e repercutida nas redes sociais um dia depois, na sexta (03), pelo Fórum Gonçalense de Cultura, após tornar público Ofício enviado ao prefeito Nelson Ruas (PL), à Secretaria e ao Conselho Municipal, que abordou - diga-se - assertivamente o mesmo assunto.
Vou tentar ser o mais sucinto possível. Nós que trabalhamos com Cultura e Arte em São Gonçalo disputamos há muitos anos recursos escassos direcionados à área pelo poder público. Mui sabiamente os velhos de guerra perceberam isso lá atrás e batalharam para profissionalizar e institucionalizar a captação de grana para a realização de projetos e remuneração de artistas. Por isso surgiu Secretaria de Cultura, Fundação e mais recentemente o Sistema (2014) e o Plano (2018) de Cultura para facilitar e garantir o merecido quinhão desses trabalhadores. Sim, pessoal, trabalhadores. Sorry.
A indústria da Cultura, junto a da Tecnologia, é a que mais gera riqueza, atrai divisas e remunera no capitalismo. Vide os EUA e agora Coreia do Sul. São Gonçalo é uma potência desperdiçada nessa área, por isso a "Viração" tá mais pra "Vacilação" Cultural porque reafirma o desperdício de talento, tempo, dinheiro e de gestão.
A única indústria que hoje São Gonçalo tem vocação é à Cultural. O outro modelo de indústria que habitou nessas bandas está morto e enterrado no século 20, assim como o modelo equivocado e fracassado de desenvolvimento adotado na cidade, que uns e outros, ignorantes ou de má-fé, ainda defendem.
É hora de novos rumos.
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E, agora sim finalizando com uma tirada super espirituosa da atriz, poeta e produtora cultural [gonçalense] Regina Alves, colaboradora do Daki, também repercutindo o Gregório:
Logo Ali... Como diz o título da matéria: Virou PASSEIO, Amigo! Dar o seu TRABALHO de graça é Foda! Enquanto "ELOGIOS" afagarem os egos de alguns "artistas" continuaremos na mesma e sem VALORIZAÇÃO.
artista" que aceita certos convites gratuitamente para órgãos públicos por muito tempo sem nenhuma remuneração complica as lutas da Classe Artística. E sempre as mesmas falas: Não dependo da arte. Faço por hobbie. Sou escritor nas horas vagas, faço por amor. Sou funcionário público e não dependo disso. Quando me aposentar... Já sou aposentado então não tem problema. Vai clinicar por hobbie, vai advogar por hobbie, vai levantar um prédio por hobbie. Vai fazer uma operação por amor. Vai lá dirigir um ônibus nas horas vagas. Vai fazer uma barragem...
"Não me peça para dar de GRAÇA a única coisa que tenho para vender"
Bônus
"Um passo à frente e você não estará mais no mesmo lugar..."
Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.
