Hoje se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. E daí? por Oswaldo Mendes
O ano era 1972, no mês de junho, exatamente no dia cinco, quando Indira Gandhy assumiu a tribuna da Conferência de Estocolmo para denunciar a fome e suas correlações com as questões ambientais.
Passados quarenta e oito anos e vemos que muito pouco ou nada adiantou.
Muitos morreram e morrem a defender esta bandeira. O Povo não a considera importante. Os empresários a defenestram. E os ditos corruptos também a utilizam para enriquecer. Uma data triste!
Será que a vida direcionada à defesa da floresta de Chico Mendes valeu? Temos a certeza que quase a totalidade não sabe quem foi essa pessoa citada acima.
Nos idos de 1990 os empresários notaram que o discurso de defesa ao meio Ambiente agregava valor aos seus produtos e assim, poderiam, mesmo sem nada fazer, refletirem seus produtos para um público específico.
Os ditos partidos que defendiam as questões ambientais no mundo eram (e são) partidos empresariais, de direita. A temática não foi para as bases e nem interessava que fosse, pois necessitava de consciência crítica, temática odiada por dominadores.
Na ECO 92 ainda se tinha a ideia de uma conscientização das pessoas. Erros e acertos foram cometidos. A definição de Desenvolvimento Sustentável, construída anteriormente, ali foi discutida e planos revisionais foram planejados, mas nunca saíram do papel.
No Rio de Janeiro, especificamente, a única vez que aconteceu treinamento em massa de Professores, população e do Terceiro Setor foi em torno de 2000, isto no PDGB – Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, em contrato discutível, inexequível e com juros absurdos assinado pelo Brasil.
Matérias como Educação Ambiental são de escopo transversal dentro da estrutura escolar – conforme o PCN, mas se o Professor quiser se especializar tem que fazê-lo por conta própria, isto numa Pós-graduação que lhe retirará os poucos centavos que lhe possam sobrar. E muitas das vezes não é nem facilitado o horário para estudos, trabalhos e pesquisas relacionadas aos cursos que melhorará o ensino nas escolas.
Nas prefeituras os cargos na área de Meio Ambiente são preenchidos por políticos, sem a mínima qualificação e muitas vezes mal-intencionados. Quem nunca ouviu falar sobre a venda de licenças ambientais para postos de gasolina ou áreas conhecidamente contaminadas? Essa é a nossa realidade: incompetência adicionada à má-fé.
Os funcionários de carreira nada podem fazer se não quiserem responder um PAD- Procedimento Administrativo Disciplinar e assim perder seu emprego “a bem do serviço público”. Isso é histórico.
A população quer, efetivamente, na área de Meio Ambiente alguém que possa pedir para cortar as árvores que por acaso estejam em frente à sua casa, sua esquina ou outro local qualquer com as desculpas mais absurdas que possam existir, como: para diminuir assalto; que a árvore está levantando a casa; que a árvore não deixa a rua ficar iluminada; que vai colocar fogo nos fios elétricos; que tem gente se escondendo atrás delas, etc.
O desrespeito é grande numa época onde mais de duas centenas de pessoas já morreram afogadas em si, por problemas respiratórios graves, onde as queimadas acontecem regularmente, com o silêncio absoluto das autoridades e da população. Olhem para qualquer lado e vejam todos os morros com suas matas queimadas. Isso é histórico. É ano eleitoral! Vergonhoso.
Nas Câmaras Municipais, as leis, quando alguém as apresentam, as temáticas se repetem e que são: adote uma praça; telhado verde; Coleta Seletiva; Educação Ambiental nas escolas. Todo ano a mesma coisa acontece há décadas.
Lembrem-se que a população simplesmente não sabe qual Vereador que trabalha como tal, mas quer que ele o sirva nas lacunas junto ao Executivo, daí vem as trocas de lâmpadas, remédios, enterros e não leis e fiscalizações. Quem sabe os que é a “Turma do Silêncio”? Eles sabem que você não se interessa e então isso permanecerá em pauta.
Apresentar projetos de leis é completamente inócuo. Quem acompanha o Legislativo em qualquer esfera? As pessoas são analfabetas funcionais em quase sua totalidade. O sistema é ingrato, perverso! Essas pessoas são muito mais felizes. Néscios!
Há muitos discursos com relação à matéria. Somente discursos. Os poucos que trabalham pela questão já sabem que depois de quase uma década sem resultados efetivos e sem apoio da população nada mais há que se fazer.
Atos como jogar lixo em terrenos baldios, restos de obras nas ruas, deixar lixo nas praias, cuspir e escarrar em qualquer local, são exemplos de ódio ao Meio Ambiente, até em função de que o ser humano não se considera parte integrante do Meio Ambiente, pois é a imagem e semelhança de Deus.
Quantos morreram em vão por esta causa! Quantos?
Oswaldo Mendes é engenheiro.