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Gusttavo Lima e Zé Neto não mamam na Rouanet, mamam direto das prefeituras

Por Helcio Albano

Para Lecinho, a Lei Rouanet acabou
Para Lecinho, a Lei Rouanet acabou

De uns anos pra cá, uma turma de celerados apoiadores do bozo cismou de meter o cacete na Lei Rouanet. Aqui em São Gonçalo, um dos seus mais bocarrudos oponentes é o presidente da Câmara de Vereadores Lecinho Breda (MDB).


Breda, que é o insuperável rei das fake news, sessão sim, sessão também, não cansa bravejar da tribuna que "acabou a mamata da lei rouanet" (sic) ao se referir de modo jocoso a artistas como Nando Reis, Pablo Vittar e Anitta, frontalmente críticos ao coisa ruim que ainda habita o Alvorada.


Na lógica do presidente da casa legislativa - que diz muito sobre ele próprio - os artistas "esquerdistas" só fazem críticas ao excrementíssimo da república porque "pararam de mamar dinheiro público" nas tetas do erário, como se isso possível fosse.


Agora, quando se sabe que a turma de sertanejos amigos do capetão mama direto na fonte de prefeituras, sem ao menos precisar correr atrás de captação do dinheiro, como é necessário fazer entre empresas via Lei Rouanet, silêncio do ilustre edil. Que, na sessão da última terça (24), preferiu mudar de assunto e atacar os colegas críticos da empresa Águas do Rio na Câmara.


A farra com verba pública é tão grande que fez surgir nas redes sociais uma campanha para se criar a CPI dos sertanejos e abrir a caixa preta dessas contratações. Até uma hastag foi criada, #CPIdosSertanejos, chegando aos trends topics do Twitter.



Só em Magé (RJ), o cantor Gusttavo Lima irá receber R$ 1 milhão. Lima já havia embolsado R$ 800 mil de São Luiz, uma cidade de 8 mil habitantes de Roraima. A dupla Zé Neto e Cristiano se apresentou em Sorriso, Mato Grosso, por R$ 400 mil. Depois, pra dechavar, os dois doaram o mesmo valor para um hospital.


Zé Neto chegou a atacar Anitta dizendo que não precisava da Lei Rouanet. Depois pediu penico à cantora em seu Instagram.


De acordo com especialistas em lavagem de dinheiro, a contratação de artistas por prefeituras Brasil afora, sem licitação ou transparência, é uma das formas mais comuns e eficazes de se cometer esse tipo de crime.


Em Roraima, o MP disse que vai investigar o cantor. Em Sorriso, não se tem mais notícias. Em Magé, a Prefeitura não se manifestou.


Lei Rouanet

Criada em 1991, a Lei Rouanet (Lei de Incentivo à Cultura) é conhecida por sua política de incentivos fiscais para projetos e ações culturais: por meio dela, cidadãos (pessoa física) e empresas (pessoa jurídica) podem aplicar nestes fins parte de seu Imposto de Renda devido.

 

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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.


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