'Guinada ao centro pode ser a morte do PT', diz Gleisi Hoffmann
"Diálogo político com o centro nós tivemos na campanha e ampliamos no governo. Já tentaram matar o PT e não conseguiram. Não podem pedir agora que o PT se suicide, rompendo com a base social que nos trouxe até aqui."
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse, em entrevista ao Globo, que o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode “morrer” caso opte por fazer um movimento ao centro, algo defendido por alguns setores da própria legenda:
A senhora vai apoiar um candidato à sua sucessão no PT? Já tem um nome?
Não. Vamos divulgar agora o calendário do processo de eleição. A partir daí, começa a discussão. Antes da definição do nome, a gente tem que fazer o debate político sobre o PT. É isso que vai qualificar o nome para assumir o partido.
E qual deve ser o papel do PT?
O PT não serve para perpetuar as estruturas sociais, políticas e econômicas injustas e excludentes que marcam o país. É um partido de esquerda e assim deve continuar. Isso não impede que converse e faça alianças, como tem feito.
Muitas lideranças do PT dizem que Edinho Silva, favorito de Lula para presidir o partido, tem mais diálogo com o centro do que a senhora. Vai ter diferença na condução?
Conduzi o processo eleitoral de 2022 construindo uma aliança ampla, com 11 partidos. Teremos em 2026 um quadro muito semelhante, até porque o governo já está ampliado, com legendas que não apoiaram o Lula em 2022 e agora discutem o apoio para daqui a dois anos. Se elas não vierem por inteiro, pelo menos parte delas, ampliando a frente de 2022.
Há pessoas que defendem a necessidade de o PT fazer um movimento para o centro buscando se adequar aos novos tempos. Como vê isso?
Diálogo político com o centro nós tivemos na campanha e ampliamos no governo. Já tentaram matar o PT e não conseguiram. Não podem pedir agora que o PT se suicide, rompendo com a base social que nos trouxe até aqui.
Mas o que levaria o PT a romper com a base social?
Fazer um pacote de retirada de direitos como o mercado quer. Ele está dizendo que as medidas são insuficientes. O que o mercado está pedindo é negar tudo aquilo que nós defendemos historicamente.
Quais medidas iriam contra esses princípios?
Acabar com o aumento real do salário mínimo, desvincular o mínimo da aposentadoria e dos benefícios sociais, mexer nos pisos da Saúde e da Educação. Não querem fazer a votação da reforma da renda para dar isenção a quem ganha até R$ 5 mil. (…)
Via DCM.
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