Governo Lula estranha alta repentina do preço do ovo e pede investigação
O governo federal monitora os preços dos alimentos e identificou que o ovo se destacou como um dos vilões da inflação

O governo federal solicitou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que investigue a alta repentina do preço do ovo no Brasil. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o aumento do valor do ovo foi “estranho” e “repentino”, destacando que fatores como clima e custo de produção não justificam totalmente a escalada de preços.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também criticou a situação, afirmando que “alguém está passando a mão” e que o governo quer descobrir quem está por trás do aumento.
“O preço que está mais estranho é o do ovo, essa subida tão repentina, foi um salto”, disse Teixeira em entrevista ao Uol. Ele ressaltou que, embora o preço de outros alimentos, como carne, arroz, feijão, mandioca e soja, já esteja cedendo, o ovo continua com valores elevados.
“O presidente Lula tem razão quando alega que foi um aumento muito expressivo. Que as causas que estão colocadas —e só por elas— não explicam o aumento do ovo: aumento de consumo, clima, preço do milho. Só isso não explica. Há um problema de mercado que agravou o preço dos ovos e que precisa ceder”, afirmou o ministro.
O ovo foi um dos principais responsáveis pela inflação de alimentos em fevereiro, com alta de 15,4% no mês, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O valor da caixa com 30 dúzias de ovos, unidade comercial utilizada no mercado, saltou de R$ 142 em janeiro de 2023 para R$ 211 em fevereiro de 2025. Esse aumento contribuiu para elevar o IPCA de alimentos e bebidas para 0,79% no período.
O governo federal monitora os preços dos alimentos e identificou que o ovo se destacou como um dos vilões da inflação.
“Algumas situações requerem eventuais avaliações de distorção de mercado. O Cade precisa também avaliar onde possa ter distorção de mercado e inexplicáveis aumentos de preço. Estamos em monitoramento permanente”, acrescentou Teixeira.
O setor produtivo atribui a alta do preço do ovo a uma combinação de fatores, como o forte calor no Brasil, o aumento no custo do milho —principal insumo para a produção de ração— e a maior demanda durante o período da Quaresma, quando parte da população deixa de consumir carne vermelha.
Além disso, a volta às aulas também contribuiu para o aumento do consumo, já que o ovo é amplamente utilizado em refeições escolares.
“As altas temperaturas registradas no início do ano afetaram a produtividade das aves, impactando diretamente a oferta e os custos de produção”, informou o Instituto Ovos Brasil (IOB) em nota. Um levantamento feito pelo Uol mostrou que o preço dos ovos brancos aumentou 69% entre janeiro e fevereiro para os revendedores, atingindo o nível mais alto em pelo menos 22 meses.
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