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Flavinho Machado: Um multicampeão que se denomina “Simplicidade”, por Oswaldo Mendes


Flavinho Machado/Foto: Via WhatsApp
Flavinho Machado/Foto: Via WhatsApp

Inicialmente é muito difícil escolher as palavras que possam refletir e espelhar a beleza de obras e pessoas como a de Flávio Jorge Souza Machado, nascido no Fonseca-Engenhoca, exatamente em 26 de novembro de 1946, cita com orgulho a Vila Ipiranga. Seus pais Niteroienses, com influência no samba advinda dos pais, tendo a mãe como fundadora do GRES Sabiá, a Sra. Rosa Souza Machado e o pai, Florentino Marques de Souza, amante da GRES Corações Unidos.


A avó materna também gostava de carnaval, gosto que deve ter sido repassado no sangue, assim como tios, por parte de pais, e seus irmãos, atualmente com doze irmãos vivos.

Na Império de Niterói com irmãos e primos juntaram um trio para desfilar, sendo o expoente do grupo a passista Jacira Pé de Ouro, mas ainda não era seu estilo.


Compositor de MPB e Bossa Nova, se espelhando em Roberto Carlos, na Jovem Guarda, foi convidado pelo primo que no ano anterior tinha composto com ele o trio para desfilar na Império de Niterói e fazer um samba para concorrer nessa escola. Flavinho sugeriu que cada um fizesse um samba e o melhor levaria o nome dos dois. Sem nunca ter pego numa sinopse de samba fez o samba, defendeu e teve grande apoio da Comunidade da Escola. Elogios não faltaram e já foi vencedor, isto no carnaval de 1972. Ele apresenta o refrão que atualmente denominamos como chiclete que segue:


Viver a pátria livre ou morrer pelo Brasil

De verde e amarelo e o azul, cor de anil

Não esquecendo tanto que a patria do meu Brasil

Nessa linda passarela ....”


E o samba pegou. O enredo era “Descobrimento do Brasil”. Nascia um vencedor para o Mundo do Samba.


Já que o samba era do Flavinho e tinha uma linda voz, firme, cadenciada, melódica e facilmente reconhecida à distância, a Comunidade da Escola de Samba Império de Niterói negociou com o então intérprete oficial da agremiação, o então Vadinho, denominado Puxador, mas com a crítica do saudoso Jamelão para que Flavinho puxasse o samba-enredo. Nascia o intérprete. Dez foi a nota do samba, prêmio Revelação da Avenida.


Ano seguinte quem ganhou o samba-enredo na Império de Niterói foi o Compositor Cica, de São Gonçalo, com um lindo samba, conclui Machado.


Ano seguinte, em 1973, Ney, Presidente da Cubango foi em sua casa, na São Januário, para convidá-lo para participar da Ala dos Compositores da Cubango para a reunião que aconteceu no Colégio Brasil a qual tinha como presidente à época o Dr. Newton Brasil, concorrendo em 1974 na Ala de Compositores.


Participou de nove finais de samba-enredo na Cubango sem ganhar, em parceria solo. Iniciou uma parceria com João Tapê – o qual já era campeão na Cubango e também participava do Xavantes do Paraíso, em São Gonçalo – que posteriormente desligou-se para assumir questões ligadas ao Sindicato. João Tapê trabalhava com Flavinho no Estaleiro.


Eraldo Farias entra para a Ala dos Compositores da Cubango – o letrista – e começa a convidar o Flavinho para uma parceria, a qual foi vetada por Tapê.


Em 1978, Eraldo Farias, numa parceria com o Compositor Corré, tiveram dificuldades de intérprete e aí o samba foi defendido por Flavinho Machado na final, isto na Cubango, quando houve problemas com o cantor oficial da parceria de Eraldo Farias, mesmo já sendo o cantor da Cubango. E Eraldo foi campeão com a defesa do samba realizada pelo Flavinho.


O produtor do disco de samba de 1979 era Laíla, o samba era de Eraldo e escolheram a voz de Flavinho Machado para intérprete: “Afoxé. Um sucesso histórico, isto desde 1979. Esse samba abriu os caminhos do carnaval de Niterói para as mídias. Escute a gravação:



Com a saída de Tapê da Cubango se firma a parceria do grande letrista com o maravilhoso musicista: Eraldo e Flavinho Machado.


Ano seguinte com o enredo “Mundo Mágico” ficou firmada a parceria Eraldo Farias e Flavinho Machado. Frases como “vocês nunca mais farão um samba desta qualidade foram diversas vezes escutadas pela dupla”. Escute aqui o samba:



“Um fruto de um amor proibido” era o enredo do ano seguinte e novamente campeões. Outro sucesso, outra obra prima! Ouça o samba na avenida:



Com sambas de qualidade e a experiência de avenida, os convites para apresentação como cantor em rádios apareceram, assim como em Escolas de Samba do Rio de Janeiro. As músicas por ele cantadas eram sucesso e tinha uma bela e potente interpretação. Diversas Escolas de Sambas o cobiçavam e a ele faziam convite para participar.


A convite do Presidente da Império Serrano, o Cheiroso, participou da Ala de Compositores da Império Serrano juntamente com Eraldo, isto em 1980.


Ano seguinte cedeu aos convites de rato, Batatinha e Bira, isto da Mangueira, até mesmo porque o Flavinho era Mangueira de coração e assim também levou o Eraldo Farias. Carlinhos Dória, então Presidente da GRES Estação Primeira da Mangueira - os dispensou do teste obrigatório para entrar na concorrida Ala de Compositores da Mangueira. O currículo dele já estava extenso de vitórias.


No primeiro concurso a participar na Mangueira – “Operário Padrão” – foram campeões. Esse concurso era da Fábrica Carioca. O grande detalhe é que o samba foi escrito na lancha Rio-Niterói.


O Compositor Tolito se juntou à parceria e na primeira disputa de samba-enredo já foram campeões na Mangueira, isto em 1981/ 1982. Ganhou e gravou. O detalhe foi a orientação advinda de Neguinho da Beija Flor para subir meio tom. Flavinho assim o fez. Foi foguetório no Morro do Estado onde Eraldo Farias morava. Ouça a música:



Ano seguinte com o enredo “Verde que te quero Rosa”, de Cartola, onde veio para a parceria Geraldo Nardelli e para Cachoeiras de Macacu foram compor e de onde saiu a obra campeã. Isto para o carnaval de 1983. Ouça o samba -


Em 1989 para o carnaval de 1990 deixou de apresentar sambas-concorrentes na Mangueira. Face às vitórias é considerado como Compositor efetivo da Ala.


De 1990 para 1991 concorreu com samba na GRES Viradouro, no Grupo de Acesso, à convite do então Patrono da Escola de Samba: Monassa.


Em 1992 ganhou o samba e Estandarte de Ouro com a parceria de Rubinho, Gerson e Eraldo. “O sol brilhará....” Ouça a música:


Repete a façanha em 1993 e ganha com o enredo “Amor sublime amor”. Em 1996 é de novo vencedor de samba-enredo na Viradouro. Ouça:

Em 1997, de novo campeões de samba e pela primeira vez a Viradouro é campeã no Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro. Retornando a ganhar na Viradouro em 2009 com o enredo Vira Bahia Pura Energia. Ouça:



Concorreu na Mangueira ainda em 2005, 2014 e 2017.


Com trinta e três sambas enredos ganhos em carnavais em seu nome, tem o “cacique” e a competência para alertar às Escolas de Sambas sobre os ditos “Escritórios do Samba” e apresenta o modelo adotado pela GRES. Mangueira no ano passado como início para combater essa atividade que, em suas palavras, desestimula e fragiliza todas as Escolas de Sambas que aderem a esse modelo.


Cita Flavinho: “A proibição de Torcidas Organizadas em disputas de Samba-Enredo é prioridade inadiável e emergencial. São contratadas para repassar uma ilusão. Não é a Comunidade se posicionando. São atores pagos”. Pode ser o reinício para a arte de compor advinda das bases das Escolas de Samba.”


Imagens e vídeos produzidos pelos concorrentes também devem ser proibidos, outra base de sustentação dos “Sambas de Escritórios” com a utilização de robôs. Imagens e áudios somente as que a Escola de Samba publica e de forma igualitária.


“Escritórios do Samba” aliam artistas profissionais que estejam na mídia e assim colocam a sua imagem; empresários que bancam o custo; profissionais de marketing, os quais têm as ferramentas próprias e adequadas para alcançar maior público alvo e torcidas profissionais pagas. Colocam sambas em todas as escolas de samba que possam ter resultados financeiros positivos.


O Flavinho aponta ainda diversas Escolas de Sambas que cederam aos “Escritórios do Samba” neste ano e em anos anteriores e o resultado pode ser visto nas vendas de CD’s.

Com músicas gravadas e inclusive ao lado do Demônios da Garoa, Dominguinhos do Estácio e Simone, com dois Estandartes de Ouro e outros tem o Baluarte Flavinho Machado. Um currículo incrível em prol da cultura.


“Eu nunca digo que não farei mais sambas. Parei um pouco. Com os Escritórios de Samba é desanimador, mas volto”. Essa frase pode ser considerada a jura de amor ao samba.

Oswaldo Mendes é engenheiro.




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