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Fim da Greve de professores no estado do Rio de Janeiro

Por Professor André Correia

A Assembleia derradeira/Foto: Sepe/RJ
A Assembleia derradeira/Foto: Sepe/RJ

Eu Nunca Fui Grevista. Quando era estudante até o oitavo ano do ginásio no Macedo Soares eu odiava a greve. Certamente durante esse período eu ia ficar o dia no Morro dos Marítimos naquele silêncio infernal. As mães saiam para trabalhar, e os poucos pais que não abandonaram seus lares , também faziam a mesma coisa. As crianças ficavam com as cuidadoras em casas apinhadas de crianças ou sozinhas em casa pois ainda não havia o termo "abandono de incapaz". Por isso sempre odiei a Greve de professores. Eu ficava na escola o máximo de tempo possível e via aquele espaço como meu doce refúgio.


Ao entrar no ensino médio, entrei também para Juventude Socialista do PDT , mesmo sem saber o que era o Socialismo e mesmo sem conhecer as duras práticas partidárias. Os ventos democráticos balançavam a geração boomer e Geração X ao som de Michael Jackson, Brizola, Darcy, Caetano, Alcione e Agepê.


Foi a primeira vez que vi o valor da greve!



O partido nos instruiu a ingressar nos grêmios estudantis para ensinar política estudantil e assim eu fiz. E lá pude fazer minha primeira greve de alunos pelo passe livre e logo em seguida me juntei à greve dos professores. O atual deputado Josemar na época, militante da UNE, era uma das lideranças do movimento. O ex-presidiário Sérgio Cabral era presidente da Assembléia Legislativa e Lindberg Farias o eterno presidente da UNE.



Mas não era sobre isso que eu ia falar.


Era sobre a greve do professores que buscava o piso nacional em seu contra cheque.


Além disso, estava mesmo querendo racionalizar a decisão do fim da Greve, votada hoje, dia 29, na quadra do São Clemente.


Quero também desmistificar essa versão de que o Sindicato lesou a categoria.


O sindicato negociou uma saída honrada da greve assim como qualquer membro de CNPJ faria. Perdemos para nossa categoria que não possui o reconhecimento de classe.



Essa é a grande verdade que não se cala.


Um setor heterogêneo formado por (4) gerações distintas que pensam o mundo, a forma de ensino e a mobilização completamente diferente.


Desde que acompanhava os professores em suas greves eu ouvia a proposta de pensar um novo modelo de greve que fosse mais eficaz junta a categoria e aos alunos. E 24 anos depois aqui está a geração milênio fazendo o mesmo discurso. Ou paramos no tempo, assim como as carteiras enfileiradas ou perdemos para os mecanismos governamentais.


Para não ficar nem com uma versão nem com a outra prefiro me fingir de dono da verdade e sugerir novas práticas de mobilização que não dependam do sindicato.


Modelos que pesquisem os anseios da categoria pois pode ser que não exista uma luta a ser travada por quem depende de GLP para por o prato em casa.


Hoje, com avanço da internet é bem possível criar um comando de GREVE CRIATIVA ao longo do tempo e em caráter permanente.


O novo tempo precisa chegar também para a forma de luta.


E para que a valorização da categoria chegue ao patamar de CLASSE a uma caminho a ser percorrido em um novo tempo sem nenhum tipo de saudosismo dos panfletos e dos antigos piquetes.


Por a culpa no Sindicato é mais antigo que o termo PELEGO sindical. Então colocaríamos nessa classe de pelegos os "fura greve"? Os grevista de pijama?


O "acordão" como vem sendo chamado o encontro com as autoridades é apenas o jogar de toalhas que estava previsto desde que não conseguimos passar de 50% da categoria mobilizada.


Trocar a direção é uma alternativa mas de longe uma solução. Seguir com a greve, uma utopia.


Oxigenar novos líderes leva tempo e não estamos fazendo o trabalho de casa.


Fica na lista de sugestão; elaborar atividades de aproximação com o aluno pois na maior parte do tempo: aluno fica no lugar de aluno. Só de vez ou outra não dá para ser amigo de causa do professor com tanta adversidade no dia a dia. E afinal, está tão cômodo não ser reprovado nas novas disciplinas.


Vou colocar na agenda de sugestão a aproximação com os pais pois ergueram uma muralha de proteção para os filhos no combate aos professores.


Sim, a geração da disciplina criou os filhos para o combate aos disciplinadores/educadores.


A ESCOLA com uma década de magistério me mostrou um duro cabo de guerra, onde todos perdem no Conselho.



Desde então a "grande família" não se entende frente aos fenômenos do "pobre de direita", "do professor sem causa", " do jovem despolitizado" e do "cristão bolsonarista".


A nova missão desse século, frente a geração Zeta, pode levar décadas para ser fundida se tivermos ousadia para começarmos a utilizar outras ferramentas de luta ou pode levar um século se deixarmos para a próxima greve.


Nessa perdemos a batalha mas não permemos a luta. Vamos receber aumento mas longe de chegar ao piso nacional.


A greve foi criminalizada pelo Claudio Castro e pela justiça. E as ameaças de protocolar abando de emprego foi instaurada.


Mas também não era sobre isso que eu ia falar.


Era sobre reflexão...espaço, tempo, prática e teoria.


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André Correia é professor de História da redes estadual de ensino do Rio de Janeiro.



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