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Eu, jumento e feioso, respondo: seu bobo!

Por Helcio Albano


Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Eu, Helcio A., jumento e feioso.


Um edil, daqueles bem trogloditas que ainda ocupam uma cadeira na casa de leis de São Gongon, se referiu assim a mim na sessão desta quarta-feira (23) na Câmara. Dentre as pretensas ofensas proferidas contra este pobre jornalista - por uma matéria que nem assinei, aliás - um xingamento, em especial, me chamou atenção: "feioso".


Duvido que, em sua história centenária, seja encontrado nos anais da Câmara um xingamento tão 5º série e pitoresco de um parlamentar contra um desafeto da imprensa. Minha mulher ficou brava e protestou veementemente! E, pô! Pra um sujeito direitomacho clássico, ter me jogado essa pecha pegou muito mal.


E sobre os jumentos, quero aqui fazer um desagravo ao bicho; e, ao mesmo tempo, externar minha alegria de estar ao lado, mesmo que na ofensa, a Luiz Inácio.


Outro dia, o coisa ruim chamou o Lula de jumento, que devolveu o "insulto" dizendo que o animal é "mais esperto que alguns". O quadrúpede não seria tão estúpido em mandar vender e recomprar joia roubada com recibo, num é mesmo? "Sou jumento, mas não sou bobo", diria o ofendido da caatinga.



E a cereja do bolo viria depois: "É um jornalista de merda. (...) Eu nunca vi ele escrever uma matéria voltado pra falar bem da direita. Mas da esquerda ele fala bem".


O ilustre legislador, que confessou admiração pretérita por este caboquim, sem querer, acabou criando mais uma honraria na casa de leis da Vila de Gonça City: o Mérito Legislativo Medalha Jornalista de Esquerda Helcio Albano.


Agora devolvo à altura o xingamento: seu bobo!


Plus

O jumento, em sua defesa, disse que não faria a estupidez de passar recibo de objeto roubado porque não é "bobo". Muitos poderiam achar que o autor, na verdade, queria fazer um trocadilho-comparação pejorativo com outro equino, o burro e, por um daqueles acidentes da composição escrita, saiu "bobo" .


Óbvio que eu não compararia o bicho valente à turma do bozo. Seria uma injustiça com o burro.


Bônus

Na mesma sessão, e pelo mesmo motivo, o figuraça esculhambou a jornalista Berenice Seara.



Disse o desbocado que a titular da influente e bem informada coluna Extra, Extra! fuma maconha estragada.


Bônus Track

A primeira frase da Coluninha é uma referência ao livro Eu, Christiane F., drogada e prostituída aos 13 anos (1978), dos autores Kai Hermann e Horst Rieck.


A obra em 1981 viraria filme com roteiro e direção de Uli Edel e trilha sonora de David Bowie.


Aí um trecho com Heroes do camaleão que nos deixou em 2016:

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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.



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