Essa noite eu tive um sonho, por Rafael Abreu
Um sonho lindo e juvenil, um sonho distante para muitas crianças e famílias do Brasil, que não conseguem viajar nem dentro do seu próprio estado, que dirá para fora do país.
Sonhei que estava na Disney, passeando com a minha família, brincando com a minha filha nos parques de Orlando, trolando o Mickey Mouse e bebendo uma cerveja com o Pato Donald, que me lembra um amigo da juventude, o "Pato Roco", a voz dele era idêntica ao do Donald, mas com aquele sotaque carioca, todo malandreado e regado a muita gíria e palavrão.
O sonho era tão bom que nós íamos comendo e bebendo tudo que víamos pela nossa frente, nos melhores restaurantes e comprando tudo que víamos pela frente nas melhores lojas, mas com um detalhe que era o melhor disso tudo, era tudo de graça!
Isso mesmo, tudo free, na faixa, bancado pelo governo brasileiro. Era uma espécie de bolsa família pra ir a Disney, sacou? Não?
Eu explico...
Esse sonho, que posteriormente se tornou um pesadelo, teve origem em uma reportagem que eu li na quinta feira e o título da matéria dizia assim:
Paulo Guedes diz que dólar alto é bom: "Empregada doméstica estava indo para Disney, uma festa danada".
Eu devo ter sonhado com a Disney, por influência da fala preconceituosa, elitista e segregadora do ministro da Economia Paulo Guedes.
Ele fez uma declaração desastrosa e infeliz, para justificar a alta recorde do dólar a R$ 4,35.
Ele citou um suposto fluxo de empregadas domésticas indo à Disney em tempos de dólar baixo, nos anos dourados do governo do PT.
O que classificou como “ uma festa danada”
Como se fosse uma espécie de farra com o dinheiro público, como as farras que eles fazem, só que com empregadas doméstica no lugar dos políticos.
O atual ministro da Economia, ainda tentou consertar, mas piorou:
"Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vou exportar menos, substituição de importações, turismo, todo mundo indo para a Disneylândia. Empregada doméstica indo pra Disneylândia, uma festa danada. Mas espera aí? Espera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai ali passear nas praias do Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeiro do Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu. Vai passear no Brasil, vai conhecer o Brasil, que está cheio de coisa bonita para ver".
Sinceramente, eu não sei de que planeta essa figura saiu ou vive.
É estupidez, perversidade ou psicopatia ?
Esse sujeito acha que um trabalhador assalariado, que ganha em torno de R$1.300 reais ou abaixo disso, vai ter condições de morar, comer, estudar, ter saúde, se transportar, comprar roupas, passear e ainda por cima viajar o Brasil ou conhecer a Disney?
Que na época do governo Lula, os aeroportos viraram "rodoviárias" e a classe trabalhadora teve acesso ao consumo, as viagens e uma vida mais justa, digna e muito melhor do que estamos vivendo agora. Disso eu não tenho a menor dúvida.
Contudo, boa parte da classe C, não tiverem tempo e nem oportunidade financeira para aproveitar aquele boom turístico tanto no Brasil, quanto no exterior, nos anos do governo do PT.
Essa galera aí, estava correndo atrás de um outro sonho distante, o sonho da casa própria e de ver os filhos formados.
São visões e mundos bem diferentes.
O tal ministro, ainda acha bom o dólar na casa dos R$4,00.
Na semana passada, Guedes comparou servidores públicos a parasitas . Depois, disse que foi tirado de contexto e pediu desculpas. Nesta quarta, o protozoário, disse que levou uma bronca até da sua própria mãe que também era servidora pública.
Vale lembrar que o economista e investidor Paulo Guedes, foi o principal trunfo do candidato Jair Bolsonaro no front econômico durante a campanha eleitoral.
Ou seja, esse veio para segregar, acabar e destruir de vez com a nossa economia e privatizar todas as nossas estatais.
Um verdadeiro desmonte de uma nação gigante, que parece estar adormecida e paralisada, sonhando com a Disneylândia enquanto perdem os seus direitos e são levadas para o abate.
Eu sou Rafael Abreu, colunista Daki.
Rafael Abreu faz análises de conjuntura politica nacional às quartas no Jornal Daki.