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Esquecimento coletivo ou Alzheimer?

Por Rofa Araújo 



Foto: Pixabay
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A sociedade, em especial a brasileira, passa por um período em que: ou há um esquecimento coletivo do que já ocorreu ou é um caso de Alzheimer a ser estudado.

        

De vez em sempre, percebemos o quanto acontecem coisas que, mais tarde um pouco, tudo é esquecido. Isso ocorre por motivo proposital para se defender determinadas posições, inclusive ideológicas, ou por alguma “doença coletiva” onde todos esquecem tudo que já aconteceu como se jamais tivessem acontecido.

        

Em tempos de política aflorada e extremismos, tudo parece ser esquecido da mente como motivo de não se lembrar algo tenebroso de um passado nem muito distante para se criticar o tempo atual e defender esse tempo obscuro para que não seja usado como prova e que realmente ocorreu.



Também muito é utilizado em razões de casuísmo e interesse muito particular de uma pessoa ou um grupo por motivos de ambição pelo poder, ganância por dinheiro e como se fosse um fato inédito do presente e nunca no passado se repetiu.

        

Já a chamada “doença do esquecimento”, infelizmente real, o Alzheimer, é uma forma mais comum de “demência neurodegenerativa, sendo progressiva, irreversível, de causa desconhecida e com maior frequência entre os idosos”. Uma enfermidade para lá de complexa, sem cura, e que em questão de tempo pode se agravar e levar inclusive à morte.

        

Triste quem é diagnosticado com essa “doença do esquecimento” e até quer se lembrar de sua própria vida, mas não consegue. Enquanto isso, outros tem “memória seletiva” e usam a mente ao seu bel-prazer e lembra do que lhe convém. Duas tristes situações.

        

Imaginem numa sociedade passar por sucessivos acontecimentos que prejudicam a si mesma e, depois de um tempo, um grupo, por razões políticas e ideológicas, “esquecem” os fatos ocorridos para pregar a volta do que já não deu certo, pelo fato de querer voltar ao poder.

        

É necessário sonhar algo novo para se buscar um futuro melhor e no ficar preso às suas convicções e nas amarras de ideologias mesmo que essas representem um atraso e uma volta à diminuição de seus próprios direitos por puro orgulho.

        

Pensar não somente em si mesmo e, sim, no próximo que é muito mais abrangente do que algumas pessoas, mas uma sociedade como um todo que precisa ser atingia por mudanças e não por ganâncias pessoais, de um grupo e no uso indevido de religião, política e ideias para iludir e não para revolucionar positivamente.      


Como disse o poeta português Fernando Pessoa: “De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos”.

Qualquer semelhança com alguma sociedade que conhecemos, não é mera consciência.


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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.

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