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Emoções

SÃO GONÇALO DE AFETOS


Por Paulinho Freitas

Fernanda Torres ganha Globo de Ouro de melhor atriz de drama — Foto: Mario Anzuoni/Reuters

Não sou muito de me transbordar em lágrimas por qualquer motivo, mas choro por qualquer coisa que me toca a alma, até final de novela. Só que eu aprendi a chorar para dentro, sem deixar que alguém perceba minha dor ou minha alegria. 


Quando meu primeiro filho nasceu eu chorei de pensar que minhas lágrimas iriam acabar naquele dia, mas ninguém me viu chorando. Até hoje me lembro também do meu velho Passat, eu ao volante e no banco de trás, minha sogra com meu segundo filho nos braços. O rostinho dela olhando para ele é algo inesquecível, assim como as lágrimas que derramei e ninguém percebeu. 



É uma coisa muito chata trazer este carma de que “homem não chora”, “homem que é homem não sente dor", nas costas. É um fardo muito pesado. Tento reverter isso, às vezes consigo. 


 No dia em que o editor da Apologia Brasil me disse que ia editar meu primeiro livro, chorei tanto que pensei inundar o quarto e afogar o computador com todos os meus escritos dentro, mas não deixei que ninguém visse. Que bobagem essa minha. Mas, antigamente era assim. A gente não podia chorar à toa (?). Se não, apanhava até secar as lágrimas. Graças a Deus, coisas de antigamente. 



Tenho tido dias calmos e felizes, não tenho do  que reclamar da vida, tenho emoções à flor da pele, continuo me emocionando, chorando escondido e rindo da minha ignorância. Meus escritos só saem de mim para alguém, se me trouxerem emoção primeiro. É gratificante escrever e ficar pensando no que foi escrito, por vários dias. Tenho certeza de que assim, vou tocar o coração de alguém, o que é o meu objetivo. 


Na segunda feira, acordei com a notícia de que nossa querida Fernanda Torres ganhou o prêmio Globo de Ouro. Corri para o banheiro, meu coração estava explodindo de felicidade, chorei pela conquista desta grande atriz e do cinema brasileiro, mas chorei mais pelas Fernandas, Marias, Elizabeths, Mônicas, Clarisses, Anas, Paulas, Gizelles e tantas outras meninas da periferia que vão se espelhar em Fernanda e inundar as aulas de teatro e as salas de cinema, bebendo arte, se embriagando de talento e conhecimento, aprendendo a ter opinião com fundamento e personalidade. Só a cultura e a educação têm este poder.


Estou profundamente emocionado e pretendo ficar assim por muito tempo. Viver este momento não tem preço e nem explicação. 


Que dia para a cultura brasileira! Que emoção viver este tempo! 


Obrigado meu Deus!!!!! 


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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.

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