Em nome da liberdade de expressão, censura!
Por Helcio Albano
Leio hoje que um projeto de pesquisa tocado por uma professora da UFRJ e financiado por uma instituição estadunidense, na verdade a Fulbright Specialist Program, foi censurado a mando de Trump. Se a pesquisa da docente quer receber a grana, precisa tirar de seu texto certas expressões consideradas "esquerdistas".
Coisas como direitos humanos, opressões de gênero, classe e raça, crise dos princípios democráticos, emancipação social, sistemas de opressão e justiça social, crise ecológica, entre outros, precisam desaparecer do escopo do trabalho.
O que é isso, senhoras e senhores, senão censura?
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Outro dia escrevi aqui mesmo nessa Coluninha que o Império poderia, enfim, ter um imperador. Trump se candidatou ao cargo e venceu com louvor. E tudo indica que caiu bem nele o figurino de ditador; e o chamado "mundo livre" acostumou-se com isso. Algo de semelhante aos tenebrosos anos 1930?
Eis o trecho da matéria no DCM: '“Me sinto negociando uma bolsa com um regime ditatorial', afirmou a pesquisadora. Ela comparou a situação ao romance '1984', de George Orwell, no qual o Estado controla o vocabulário para restringir o pensamento crítico".
Desde o pós-guerra, a esquerda conseguiu avançar em suas pautas e "humanizar" o capitalismo. Isso fez com que ela deixasse de ser revolucionária, em troca de real participação no sistema democrático liberal. Mas o sistema é um escorpião nas costas de um sapo na lagoa, e rompeu o pacto, que tem como consequência a supressão da democracia - agora, da esquerda.
Prepare-se para a guerra.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.
