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Educação antirracista e feminista: Pela vida das mulheres

Por Graciane Volotão


Foto: Reprodução Instagram
Foto: Reprodução Instagram

Duas datas no mês de novembro chamam a atenção para a importância de que as escolas brasileiras trabalhem em uma perspectiva de educação que liberte as pessoas de toda forma de opressão, ou seja, uma educação libertadora. Não há como ser uma educação libertadora se não pautar a escravidão, a consciência de classe, a luta das mulheres por direitos iguais e pela vida sem violência.

 

Com a data do dia 20 de novembro a pauta antirracista entra em moda e pretende promover o debate acerca da conscientização e da necessidade de reparação histórica ao povo que foi escravizado em solo brasileiro. Em seguida no dia 25 de novembro o foco vai para o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

 

Na minha época de estudante no Colégio São Gonçalo, o curso de formação de professores ensinava que datas como estas deveriam ser trabalhadas pelas escolas e denominavam isso de efemérides. As efemérides viravam projetos nas escolas e culminavam com bonitos murais nos corredores. Com o tempo, as efemérides não são mais utilizadas nos planejamentos e hoje em dia, as defesas estão em realizar grandes projetos envolvendo toda comunidade escolar. No entanto, apesar de ter saído de moda a palavra efemérides, o que mudou na prática em muitas escolas foi a forma da “culminância” que passou a ser eventos nas unidades escolares.

 

O que chamo de educação antirracista e feminista vai além destes projetos, culminâncias, efemérides ou produto final que acontece próximos a essas datas legais (por força de leis) ou designada por organismos internacionais, como é o caso do dia 25 de novembro.


 

É urgente uma educação que tenha práticas antirracista e feministas. Isso não é uma questão de data para lembrar que existe. O racismo é todo dia, os direitos das mulheres são violados todos os dias e mais ainda, as mulheres negras são as que mais sofrem violência em nosso país.


No estado do Rio de Janeiro as mulheres são a maioria, segundo o censo de 2022, somos 52,8% dos fluminenses. De acordo como os dados do Mapa da Mulher Carioca, a cada uma hora, uma mulher sofre violência. Isso quer dizer, que enquanto eu escrevo e você lê este texto, há inúmeras mulheres sendo vítimas. Para termos uma ideia, o Brasil registrou 74.930 estupros, o maior número da história, e 61,4% das vítimas tinham no máximo 13 anos de idade, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023.


Segundo as estatísticas dos equipamentos de São Gonçalo que atuam no enfrentamento da violência contra a mulher, foram 2.481 casos de violência, sendo 1.431 registrados na Sala Lilás e 1.050 no Ceom, ambos no período de dezembro de 2021 a junho de 2022. Foram registradas 48 mortes de mulheres por seus companheiros ou ex nos seis primeiros meses de 2021 e 57 no mesmo período de 2022. Os dados podem não estar atualizados para 2023 e certamente estão subnotificados, pois muitas mulheres, inclusive que eu conheço, não fizeram os registros sobre a violência que sofrem e/ou sofreram diariamente. O risco disso, além da dor é que pode ser fatal.


Assim, sendo, clamo para que as escolas de nossa cidade ultrapasse as datas comemorativas e faça das práticas diárias uma educação antirracista e feminista. Que não ignore casos como o da apresentadora e influencer Patrícia Ramos que, provavelmente por ser negra não vimos tanta repercussão na mídia, todavia, também não ignore o da mulher branca Ana Hickmann. Elas não são as únicas e você, mulher, pode ser mais uma na estatística.


Não hesite em ligar 180. Denuncie!


Por uma educação libertadora, antirracista e feminista!


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Graciane Volotão é Pedagoga, professora supervisora educacional, servidora pública e doutoranda em educação na UFF e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaboradora da Coluna “Daki da Educação”, publicada às sextas.



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