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Foto do escritorJornal Daki

Dia Nacional do Samba - por Oswaldo Mendes


Tia Ciata e o Presidente Wenceslau Braz/Reprodução
Tia Ciata e o Presidente Wenceslau Braz/Reprodução

E se não fosse a Mulher no Samba, quem sabe hoje em dia eu seria .....


Mas qual a importância da Mulher no Samba? Vamos tentar relatar algumas partes, pois todas, seria muito difícil.


Na grande mídia e para o grande público, a imagem da Mulher no Samba está relacionada à beleza das Musas e Rainhas das Baterias, mas é muito, muito mais do que isso. Vendem e venderam o carnaval como uma festa concorrente a Sodoma e Gomorra, isto no imaginário popular, e, pior ainda, quando se relacionam com a imagem do diabo, figura esta inexistente na cultura afro-brasileira, assim como pecado.


É fato que o samba e os sambistas sempre foram perseguidos desde a sua nascença; a figura feminina da Tia Ciata, a qual solicitou intervenção junto ao Presidente da República da época para que a Polícia não os atacassem e os prendessem. Sem Tia Ciata seria muito pior. Lamentavelmente, há uma tentativa que atravessa os anos e já ultrapassa um século que é a desqualificação e relacionamento do samba e dos sambistas à marginalidade por diversos pontos da Sociedade, assim como acontece com o Movimento Funk.


Nos idos do Regime Militar, a Cúpula do Jogo do Bicho organizou a Liga das Escolas de Samba e junto às mídias deu um formato aceitável para todos. Agora televisionado, as mudanças não agradaram a todos e todas. Dentre os insatisfeitos ressaltamos o sensacional Candeia, o qual deixa a Portela e funda o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo.


O carnaval do Paraíso, em São Gonçalo, era destacado. Personagens como os Baluartes Moacyr M. M. e Mocotó eram figuras da época que também organizavam a festa popular. Xavante do Paraíso, Maribondo, Boêmios da Madama, dentre outros.

Às Mulheres, na maioria das vezes, cabia a organização da festa, acompanhamento do cronograma de criação das fantasias, o canto, arrecadação de valores, através da venda de comidas, bebidas e quitutes, e o repasse, às gerações mais novas, da conceituação de Samba e toda a ancestralidade ali presente: Griots. Ainda há uma grande lacuna em relação às mulheres como intérpretes de sambas. Nesse ponto, parabenizamos a magnífica Lena Alves, que abriu caminho para outras intérpretes.

Para os desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro os enredos escolhidos eram, em sua maioria, “água com açúcar”, o que agradava o regime, porém, algumas escolas de base - que não perderam a sua essência - e compositores e carnavalescos críticos começaram a fazer a diferença e mostrar ao mundo a nossa realidade e o que por aqui acontecia.


Pilares, 1985




Mangueira, 1988


Beija-Flor – Ratos e Urubus larguem minha fantasia



Império Serrano, 1996


Porto da Pedra, 1998


Niterói era considerado o segundo melhor carnaval depois do Rio de Janeiro, mas administrações pífias, preconceituosas e pentecostais perseguiram mais uma vez o Samba e atualmente tenta-se reerguer.


São Gonçalo foi pior. Desde o pós-Ezequiel, as administrações que aqui se instalaram, alegando economia, destruíram e perseguiram o carnaval e escolas de samba em “nome de Deus e para comprar merenda”, enquanto há exemplo de pessoas em foto com personalidades em jantares caríssimos, isto no exterior. A Porto da Pedra foi uma das mais prejudicadas. Estamos acreditando numa possibilidade de mudança.

Mais uma vez, o Samba atravessa uma onda de ataque organizado para desmerecê-lo e relacioná-lo ao COVID e suas variantes, esclarecendo que todas as Agremiações carnavalescas cumprem e cumpriram todos os protocolos sanitários e as solicitações advindas dos órgãos competentes, seguem rigidamente à ciência; orientam todos seus integrantes para que se vacinem, cobram os comprovantes de vacinação a todos e não aceitam o negacionismo.

O que muitos escondem é que a violência é o produto que mais dá lucro no mundo. A segunda coisa que dá mais lucro, e muitos a escondem, é o turismo, advindo, comprovadamente, do carnaval, cultura do povo; dá lucro ao Estado, cria emprego e renda.

Para quem estudou a Revolução Francesa, podemos verificar que após a Queda da Bastilha houve um período longo de felicidades e o Iluminismo. E a história se repete!

De Seu Vadinho a Guto; do Camisolão ao Canarinhos; Das Piranhas do Mauá ao Boi do Boassu, De Lelego a Montibello – ninguém consegue enterrar a luz e o Samba continua.

O Samba é inclusivo, é popular, agregador.

“E se não fosse o Samba quem sabe hoje em dia eu seria do bicho!”, Bezerra da Silva

Oswaldo Mendes é engenheiros e sambista.



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