Detalhando Projeto de Energia Solar Fotovoltaico
Por Oswaldo Mendes
Ao se fazer, em sua residência, uma obra civil ou elétrica, ao ter necessidade de comprar uma peça para o seu carro ou mesmo após o médico receitar um remédio, quem fará as compras? A resposta mais óbvia será alguém da sua residência.
Já quem faz instalações fotovoltaicas em sua residência ou empresa, essa condição, na maioria das vezes, não procede da mesma forma. Quem te vende já se apresenta para comprar o material utilizado.
No Brasil, as escolas não ensinam Educação Financeira. O aluno aprende o processo técnico, mas não o faz para se vender.
Para quase todos foram repassados a frase que é mais fácil um camelo entrar no reino dos céus do que um rico, mas existem ricos. No Brasil, desde as Capitânias Hereditárias. Quem vive de salário é pobre e muita gente confunde.
Empreendedorismo em cursos técnicos e faculdades é produto muito recente. O técnico, engenheiro, médico, contador são formados para serem empregados de uma empresa e nunca ter autonomia para vender e cobrar adequadamente o seu conhecimento, leia-se “Mais Valia”.
Muitas vezes foi tentado colocar noções de Educação Financeira nas escolas públicas, mas há forte lobby contra. Pesquisem na ALERJ o Projeto de Lei 224/2011.
Há uma fórmula simples que preço é igual a custo mais o lucro, assim, salário entra no custo e para lucrar mais ou se aumenta o preço ou paga-se a quem fez o menor valor possível.
No caso de uma instalação de um sistema solar fotovoltaico precisa-se de um profissional em eletricidade, de nível superior ou técnico, que seja cadastrado e esteja ativo no seu conselho.
Aquilo que é prometido na venda deve aparecer nos resultados.
Notem que existe o problema de quem pega um financiamento, muitas das vezes com sobrepreço e erro de projeto, num mercado onde as taxas de juros estão na estratosfera em face da política do Banco Central.
Profissionais desempregados, má-formação técnica também influenciam neste mercado.
Atualmente, o sistema de vendas e instalação fotovoltaico residencial e empresarial encontra-se em crise profunda em função das taxas elevadas de juro, da cobrança do “Fio B” -Taxa do Sol (que se encontra em 2025 em 13%) e almente 5% até chegar), de instalações com erros técnicos e olhar desconfiado da população, tendo em vista as promessas miraculosas não cumpridas,
O Fio B é pago apenas pela energia que é exportada para a rede elétrica. A energia que é produzida e consumida no mesmo momento (autoconsumo) não é taxada. O amparo legal é a Lei 14.300/2022 e a Resolução ANEEL
Faça só um teste! Pegue sua conta de energia e de lá retire a média anual de consumo. Tem um monte de aplicativos (APP) com calculadora solar, por exemplo, a da Solares. Baixe no seu celular e coloque o valor na energia elétrica como R$1,00 (um real).
Com o advento do “Fio B” e que normalmente desconta 13% do consumidor a favor das empresas de energia elétrica em face ao uso das redes elétricas (TUST, lei 14.300). Esse valor (denominado popularmente de taxa do sol) aumentará, gradativamente, de 13% a 28% até o ano de 2029.
Em sua deliberação, a ANEEL definiu a dispensa da análise de inversão de fluxo para sistemas de GD (geração distribuída) em três cenários:
O primeiro deles para sistemas com grid zero (com ou sem baterias), uma vez que os mesmos não injetam energia na rede de distribuição;
O segundo, quando o sistema de microgeração distribuída, que se enquadre nos critérios de gratuidade, cuja potência de geração distribuída seja compatível com o consumo da unidade consumidora durante o período de geração, observadas as instruções da ANEEL (conforme fator de ajuste de simultaneidade);
O terceiro – nomeado pela Agência como fast track – é para casos em que a potência da microgeração distribuída for igual ou menor a 7,5 kWp, desde que seja caracterizada como geração local. Neste caso, os consumidores deverão assinar um termo no qual declaram estar cientes que não será possível alocar os excedentes gerados em outra unidade consumidora.
Assim, evite sistemas acima de 7,5 kilowatts pico, pois, a partir desse valor, poderá existir cobrança de mais detalhamentos por parte das empresas de energia de análise de inversão de fluxo.
Só para referenciar:
Caso seja necessário um projeto com consumo acima do valor citado, faz-se necessário pensar numa modelagem alternativa, como o sistema híbrido, este com a utilização de baterias ou o sistema “zero grid”, por exemplo.
O preço das baterias vem caindo muito e novas tecnologias, como a bateria de “areia e sal” nos projetam um futuro promissor.
Outro detalhe é verificar, previamente, se a instalação elétrica do local a ser instalado, o sistema fotovoltaico cumpre os requisitos da legislação em vigor, inclusive com relação ao aterramento, barramento de equipotencialização principal e dispositivo de proteção contra surtos – DPS.
Não é comum um vendedor de sistema solar fotovoltaico fazer uma visita no local antes de definir se há como fazer uma instalação imediata e/ou se a instalação elétrica da residência ou empresa necessita de ajustes.
Muitas vezes se vende um sistema fotovoltaico sem uma análise pormenorizada de cada caso, assim somente buscando o retorno financeiro, é instalado de qualquer maneira, sem os devidos ajustes, na quase totalidade das vezes.
Em função do “novo mercado”, facilidades na venda como financiamento e o desemprego, aumentaram muito as vendas e instalações do sistema solar fotovoltaico. É raro ver nessas instalações um miliohmímetro ou a ligação de aterramento em local adequado – no BEP/BEL – Barramento de Equipotencialização Principal / Barramento de Equipotencialização Local.
É comum ver o uso inadequado de hastes de aterramento em instalações não temporárias.
A leitura e interpretação das normas: NR10, NBR5410/2008, NBR5419/2015, da NBR7117/2020, além das legislações específicas do Corpo de Bombeiros, para quem instala ou pretende instalar carregadores elétricos automotivos, a leitura e interpretação da NBR 17019/2022 é de extrema importância.
Nota-se que há erros cruciais na interpretação do item 6.4.1.1.1 da NBR 5410/2008 que reflete em diversas instalações. Os Professores Hilton e Modena, responsáveis pela manutenção, revisão das duas primeiras normas acima referenciadas, sempre chamam a atenção deste tópico e é muito usado, por exemplo, hastes de aterramento em instalações físicas permanentes.
Para os instaladores é obrigatório que tenham realizado, com aproveitamento, no prazo máximo um ano anterior ao trabalho, do curso básico da NR-10, NR-6 e também da NR-35, em caso de trabalho acima de dois metros de altura, além de uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs (luva, capacete, óculos de proteção, uniforme, cinto paraquedas e talabarte), todos os equipamentos com Certificado de Aprovação, em dia, emitidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTe, assim como a instalação de Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC, por exemplo a Linha de Vida, com as devidas certificações, protegendo assim quem trabalha e o contratante, inclusive de processos legais.
O mercado está em crise em função dos resultados esperados por quem já instalou, dos altos juros, da cobrança do “Fio B” ou até mesmo do não cumprimento de metas prometidas na venda.
Para quem está pensando em instalar um sistema fotovoltaico em sua empresa/residência, sugerimos que se pesquise antes o preço no mercado. Para tal é necessário: número de placas e potência; número e quantitativo de inversores e tipo de telhado ou local a ser instalado.
Ao se buscar por inversores, verifique se eles têm o sistema de proteção contra arco-voltaico, que são os disjuntores tipo AFCC/AFCI, protegendo contra incêndio.
Pesquise! Faça esse teste e veja a diferença que é realizada no mercado. Os valores trabalhados para um responsável técnico em um pequeno projeto, gira em torno de mil reais e a instalação do sistema residencial médio integral (placas, ligações e inversor) no máximo o dobro. O comprador deve usar o seu direito de escolha.
A cidade de Maricá vem despontando com olhar no futuro, onde projeta-se mudanças para a utilização de fontes renováveis de energia, como a solar. E para tal, o prefeito já informou que vans, mototaxistas, táxis poderão ser financiados a juros zero para adquirirem carros elétricos, com locais para carregamento elétrico gratuito, assim como mil residências serão contempladas, no primeiro ano, com sistema solar fotovoltaico,
Certamente veremos outras cidades utilizarem esse projeto de Maricá como Referencial de Excelência, assim como aconteceu com o Projeto de Ônibus Gratuito – Vermelhinho.
Não há motivos para se continuar pagando por serviços ruins às empresas de energia elétrica que, nestas últimas três décadas, após a privatização do sistema, com promessas de melhorias tecnológicas e diminuição de preços, temos uma realidade completamente ao contrário, com a população sofrendo com o não cumprimento de requisitos propostos na Resolução 1000 – ANEEL e no PRODIST-8.
Vemos o uso de geradores locados nas portas de hospitais, pronto socorro e UPAs. Analisar a alteração por energia solar fotovoltaica e banco de baterias, certamente daria grande retorno financeiro à população, bem como menor falha, se mantido corretamente.
Telhados de locais públicos como escolas, câmaras municipais, postos de saúde, fóruns, universidades poderiam ter placas solares.
Por mais energia renovável. Por mais alteração da base energética atual. Por mais energia solar. Por mais futuro sustentável!
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Oswaldo Mendes é Engenheiro Elétrico e de Segurança do Trabalho, com Mestrado em Sistemas de Gestão