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Deputado americano do relatório contra Moraes é acusado de acobertar caso de pedofilia

Entre 1986 e 1994, Jordan foi assistente técnico de luta livre da Universidade Estadual de Ohio e, segundo denúncias, sabia que os alunos sofriam abusos sexuais

Jim Jordan e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: reprodução
Jim Jordan e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: reprodução


Na última quarta-feira (17), o deputado Jim Jordan, dos Estados Unidos, que representa o partido Republicano, publicou um relatório com supostas decisões sigilosas do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em relação ao X, antigo Twitter. Mas o parlamentar estadunidense, que surge como herói para os bolsonaristas no Brasil, é acusado de ter acobertado abusos sexuais em 2018.


“Não é verdade. Eu nunca soube de nenhum tipo de abuso. Se soubesse, teria feito algo a respeito. E olha, se há pessoas que foram abusadas, então isso é terrível e queremos que a justiça aconteça”, disse Jordan em uma entrevista logo após o caso ser divulgado pela NBC News. Eleito deputado pela primeira vez em 2016, ele foi próximo do ex-presidente Donald Trump durante a gestão de extrema-direita.


Entre 1986 e 1994, Jordan foi assistente técnico de luta livre da Universidade Estadual de Ohio e, segundo denúncias, sabia que os alunos sofriam abusos sexuais do Dr. Richard Strauss, mas nunca fez nada para impedir os crimes ou denunciar. De acordo com a reportagem, Strauss tomava banho com os alunos e os apalpava durante consultas médicas.

O ex-presidente Trump, afirmou que acreditava que o congressista não sabia das acusações e contestava os depoimentos de cinco ex-lutadores que relataram o contrário.


“Não acredito neles de forma alguma. Acredito nele. Jim Jordan é uma das pessoas mais notáveis que conheci desde que estou em Washington. Eu acredito nele 100 por cento. Não há dúvida em minha mente. Eu acredito em Jim Jordan 100 por cento. Ele é um homem notável”, disse Trump em um comício em Ohio.


Já o ex-lutador Mike DiSabato, que teve uma relação de amizade com o deputado republicano, o acusou de não falar a verdade sobre o caso. “Eu considerava Jim Jordan um amigo. Mas no fim das contas, ele está absolutamente mentindo se diz que não sabia o que estava acontecendo”, disse DiSabato à NBC News. Ele também afirmou que quando Jordan foi informado de que as acusações sobre Strauss seriam tornadas públicas


“Lembro que tive uma lesão no polegar e entrei no consultório de Strauss e ele começou a abaixar meu short de luta. Eu disse, ‘o que diabos você está fazendo?’ E fui lá fora e contei a Russ e Jim [Jordan] o que aconteceu. Eu não estava aceitando. Eles foram lá e conversaram com Strauss”, disse Dunyasha Yetts à NBC News.



Este ex-aluno lembrou que ele e seus colegas de equipe tiveram várias conversas com Jordan sobre o comportamento de Strauss e acrescentou que “pelo amor de Deus, o armário de Strauss estava bem ao lado do de Jordan e ele até disse que o mataria se ele tentasse algo com ele”, o que, notavelmente, nunca foi feito.


Sobre o relatório contra Moraes:

No relatório divulgado por Jordan, as decisões enviadas ao X aparecem sem a fundamentação para o bloqueio das contas ou posts, apenas a ordem do magistrado. Por meio de nota, a assessoria do Supremo explicou que as determinações expostas no documento são apenas os ofícios enviados à empresa.


“Não se tratam das decisões fundamentadas que determinaram a retirada de conteúdos ou perfis, mas sim dos ofícios enviados às plataformas para cumprimento da decisão”, diz a Corte. A nota ainda diz que “todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação”.

O colegiado presidido pelo deputado republicano é ligado ao ex-presidente Donald Trump, aliado de Musk e ídolo de bolsonaristas.


Desde que começou a atacar o ministro, na semana passada, o empresário prometeu divulgar as ordens dele que supostamente “violam as leis brasileiras”. Musk tem protagonizado uma ofensiva contra Moraes sob alegação de que estaria defendendo a liberdade de expressão.


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