De 'república das bananas' para a 'república do bananinha'
Por Helcio Albano
Vira-lata. O termo ficou mundialmente conhecido pela pena do Nelson Rodrigues ao se referir aos patriotas de meia pataca da terra brasilis. Ficou para a eternidade a crônica que escrevera às vésperas da Copa de 1958 em que versa sobre o "complexo de vira-latas" que acomete os brasileiros. Ei-lo seu trecho magistral e definitivo:
“Por ‘complexo de vira-latas’ entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol”.
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O final todo mundo sabe. Com Didi, o Príncipe Etíope, Garrincha e Pelé, enfiamos 5 na Suécia e finalmente nos tornaríamos campeões, os melhores do mundo no esporte bretão, exorcizando o trauma de 50. Mas, de uma coisa, não nos livramos: do complexo de vira-latas.
E, pra usar de outro termo rodrigueano que aprofunda nosso viralatismo, deforma ainda mais nossa alma o tal do "sotaque espiritual" de gente subserviente que agora nem cora ao escancarar a quem serve: os EUA. Ou melhor; o que há de pior na terra do Tio Sam, fazendo com que a gente agora passe perante os caras de "república das bananas" pra "república do bananinha".
O que o filho do coisa ruim está fazendo é crime de lesa pátria. Alta traição que, no contexto de guerra híbrida em que estamos, mereceria lei marcial para canalhas iguais a ele. Não é possível que normalizemos esse tipo de coisa no mesmo nível da salutar e saudável luta política e democrática. Porque não é luta política, repito: é alta traição e entreguismo o mais rasteiro.
Isso já passou de todos os limites.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.
