Câmera na caveira - por Helcio Albano
O Portal UOL amanheceu hoje (05) com uma notícia encorajadora pros de Paz e Bem desse país em frangalhos: "Mortes por policiais caem 80% em um ano de uso de câmeras em uniformes", manchetou o site.
Os números são impressionantes. Em 1 ano, foram registradas 41 mortes por intervenção policial, contra 207 no ano anterior, em 19 dos 131 batalhões do estado de SP onde o programa "Olho Vivo" foi implantado. A média de letalidade entre 2014 e 2021, foi de 226 mortes anuais por esse tipo de intervenção que, como agora provado, sempre pecou pelo exagero.
Então bora comemorar a boa notícia? Infelizmente não é bem assim. A cultura da morte e a politicagem com a vida alheia, preta e pobre ainda é muito forte. Alguns candidatos ao governo do estado de SP são contra. Um deles usa até justificativa esdrúxula de que mulheres policiais ficam constrangidas ao usar o banheiro.
No Rio, programa semelhante - de iniciativa de lei da Alerj sancionada a contragosto por Cláudio Castro (PL) - se arrasta desde o ano passado para ser implantado. Suspeitas de corrupção da empresa contratada para instalar o sistema, incompetência e os rolos de sempre do governo do estado são causas do atraso. Mas não só.
O submundo policial resiste em perder sua fonte regular de dopamina e adrenalina liberadas durante os safáris humanos que promovem, participam e transmitem pelo WhatsApp para uma grande, fiel e extasiada audiência. Por isso, câmera na caveira!
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.
