Confissões de um canalha
Por D.Freitas
Agora que chegamos ao fim eu posso dizer que te dei razão bem menos vezes do que deveria. Não que eu seja do tipo teimoso, mas fui uma pessoa que, na maior parte das vezes, cedi para não precisarmos entrar mais profundamente em certos méritos ou assuntos.
Chegamos ao fim e você pode pensar ter sido culpa sua e eu sinto por isso, não muito, mas sinto, pois por mais que eu não tenha sido teimoso fui um tanto rancoroso. Repito mais uma vez que não foi culpa sua, mas me lembro da primeira vez que te vi com outra pessoa e a gente ainda era algo que não tinha nome ou rótulo. Ali senti uma dor que pode ser o mais próximo de uma facada no estômago e querendo ou não aquela imagem nunca mais saiu da minha cabeça. Havíamos acabado de trocar juras vazias de amor eterno.
Guardadas as proporções, devolvi esse feito também após trocarmos juras de amor eterno e você teve razão em tacar as unhas postiças no meu rosto, quebrar uma ou duas louças e me xingar até se silenciar em um beijo daqueles que encerram discussões sem sentido, mas aquela tinha e você estava certa. Você tinha razão.
Você tinha razão sobre aquele cara que eu dizia que era meu melhor amigo e tinha razão sobre aquela menina que se dizia sua melhor amiga. Tinha razão sobre minha sexualidade, sobre meus vícios e sobre meu caráter.
Você tinha razão sobre tudo, meu amor, mas onde ela estava quando resolveu me deixar voltar pra sua vida?
-Eu juro que vou mudar.
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Davi Freitas (D.Freitas) nasceu em São Gonçalo, cria da cultura gonçalense, desde sempre conviveu com músicos, poetas e escritores. autodidata, aprendeu violão e bateria sozinho e junto com o irmão Lucas Freitas fez algumas apresentações até ter, por motivos profissionais, que mudar de estado. Como escritor, participou, pela Editora Apologia Brasil da Antologia em Tempos Pandêmicos e inicia agora sua trajetória no mundo das crônicas e contos.
