Com que roupa eu vou? Por Oswaldo Mendes
"Moro num país tropical abençoado por Deus", já escreveu o poeta.
Tivemos neste verão passado, dias com temperaturas em torno de 50º celsius, e com sensação térmica, acima de 55º celsius. Oh! que calor!
Nas universidades, centros de balbúrdia, como apresentado por algumas autoridades, o uso de bermuda e chinelos de dedo é coisa normal. Terno e gravata, tradição europeia que não se adapta às nossas necessidades, muito menos à nossa realidade. Imagine ser convidado para um casamento, onde o traje obrigatório é smoking?
Indicadores externos de riqueza: carro, cordão, sapato, roupa, perfume. Todos na verdade têm o mesmo discurso: Sabem com quem está falando?
O covid-19 (coronavírus) também veio para nos ensinar. Neste momento, o mercedes e o fusca estão parados na garagem ou becos.
Vi um vídeo onde um vereador pedia ajuda para matar a fome das pessoas. Uma cidade onde há 1 milhão de habitantes, 800 mil na miséria. Como ficar em casa sem comida? Como que quem vai às ruas, não infectar e matar amigos e parentes? E tem gente pensando com que roupa eu vou?
Num país tropical, onde o terno e gravata para muitos é bonito, qualitativo, devia ser, no mínimo, opcional. Sugiro inclusive à nossa Câmara Municipal que se retire essa obrigação dos edis, pois pessoas muito humildes ficam envergonhadas em face à discrepância. Inclusive, me parece obrigatório o terno e gravata para os famosos estelionatários, os 171, que sempre aparecem nos melhores locais e poucas vezes atrás das grades.
O belo é que ninguém passe fome, morra antecipadamente de coronavírus, amar a outrem como a si próprio. Tomara que a peste, pelo sofrimento ensine algo de positivo a muita gente.
Porém a resposta talvez já tenha sido escrita há muito tempo: não jogue pérolas aos porcos!
Oswaldo Mendes é engenheiro.