Coisificação ou Nadificação?
Por Rofa Araújo
Duas palavrinhas para lá de estranhas e que, aparentemente, todos sabem seu significado pela semelhança de termos que as originaram.
Segundo o Dr. Google, o novo “Pai dos burros”: “Coisificação é o ato de transformar pessoas ou elementos humanos em objetos ou de transformar conceitos abstratos em realidades concretas”. Não parece algo bem comum que observamos na sociedade, tratando os seres humanos mais como “coisas” do que como gente?
No marxismo, a “coisificação” é uma forma de alienação que se caracteriza pelo modo de produção capitalista. Neste contexto, a coisificação das relações sociais implica que a sua natureza é expressa através de relações entre objetos de troca. É “ser mais um” e não ser propriamente tratado como um ser humano. É o descarte de uma pessoa quando mais não serve aos objetivos para onde foi colocado.
A coisificação pode levar à desumanização da pessoa, ou seja, o indivíduo é transformado em mercadoria, em objeto de posse ou de outro. Algo terrível, mas que, infelizmente, acontece na sociedade brasileira e mundial, via política, religião, família, atividade proletária e em diversas outras situações.
O famoso verbo “coisar” é um verdadeiro “coringa”, pois pode ser usado em substituição a outro verbo quando se esquece o verbo correto. É um vocábulo oficial da língua portuguesa e tem vários significados: imaginar, preparar ou fazer alguma coisa; substituir uma palavra ou verbo que não se lembra no momento; ter relações sexuais (até para isso serve o termo “coisar”.
Dessa forma, a “coisificação” é tratar o outro como qualquer coisa e não como deveria ser tratado. E hoje em dia o mundo tem feito isso com as pessoas que são descartadas como não servem mais, no mais diversos aspectos: pela idade, pela falta de apoio de antes, quando se acha alguém “melhor” e por aí segue adiante.
E outro termo complementara a esse é “nadificação” que é um substantivo feminino que significa “o ato de nadificar ou de transformar em nada”. A palavra tem origem etimológica em “nadificar”. Quantas vezes quem tem o poder de algo acha que pode transformar alguém em nada, de uma para outra, sem o menor pudor ou piedade.
É terrível, mas acontece muito observar uma pessoa humilhando a outra, do nada, por não fazer o que ela quer ou por querer descartá-la para substituir.
Quando não há mais respeito pelo semelhante, esse pode ser visto como uma “coisa” ou como “nada”. Porém, isso é uma claro sinal da falta de caráter de quem não possui o menor empatia pelo eu próximo, achando que pode tudo, até mesmo humilhar e tratar com desdém.
Todos são importantes em alguns aspectos e ninguém é perfeito ou dono da verdade absoluta. Quando se transforma no maior aliado em pior inimigo é porque tem algo errado nessa história. Quem sabe se amanhã o mundo pode dar voltas?
Respeito é bom e todos gostam. Quando é preciso humilhar alguém para satisfazer o ego do poder ou do narcisismo de uma liderança é porque essa pessoa é um péssimo líder.
Vamos refletir muito e tomar cuidado com a “coisificação” ou “nadificação” em relação ao nosso próximo que é igual a todos nós e não melhor nem pior.
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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.