Caso Vini Jr.: a extrema-direita quer nos jogar no precipício da guerra
Por Helcio Albano
Vinícius Jr., 23, negro, gonçalense cria do Porto do Rosa, cracaço de bola e maior estrela de um dos maiores clubes de futebol do Planeta, o Real Madrid, é desde ontem (21.maio.23) notícia principal na imprensa mundial. Não pelo seu talento nos gramados, mas por ser vítima de um fenômeno perigosíssimo: o do recrudescimento das ações da extrema-direita fascista em diversos países mundo afora.
Manifestações racistas nos estádios sempre existiram, e não precisa ir a Espanha presenciar tal barbárie. No Sul do Brasil, coisas do tipo fazem parte do deprimente espetáculo desde sempre. Mas as ofensas racistas sofridas por Vini Jr. ontem, quase que em uníssono no estádio de Mestalla, nos coloca defronte um problema que receio ter apenas solução em um outro campo de batalha: o da guerra, literalmente. E o futebol não erra em nos apontar pra onde o mundo tá indo. Nesse caso, o precipício.
A história nos ensina que o fascismo surge como insatisfação popular difusa que acessa as instituições para se amalgamar, miná-las por dentro e, assim, impor de modo autoritário sua vontade. Vivemos essa experiência com o bolsonarismo.
O presidente de La Liga espanhola, Javier Tebas, um notório fascista ligado ao partido extremista Vox, não tá nem aí e até desancou o Vini, mesmo após toda a repercussão negativa do episódio, sequer relatado na súmula pelo juiz que, aliás, agiu pra transformar vítima em culpado expulsando o jogador no final da partida. Nojento.
Foi a Espanha a antessala do que viria acontecer na Europa e no mundo em 1939.
Plus
A coisa é tão grave que fez com que Lula se manifestasse do Japão, onde estava reunido com o G7, para cobrar providências do governo espanhol em relação aos acontecimentos em Valência.
Bônus
O assunto foi unanimidade no colunismo esportivo. E cabe destacar o artigo do PVC no Uol na manhã desta segunda. Eis o título: "Vinicius Júnior vai ajudar a mudar o mundo. Ou o mundo não vale nada".
É desse jeito PVC. E ainda tem gente que pode achar exagero minha Coluninha de hoje.
Bônus-Track
Palpite? Não tem mais como o Vini continuar na Espanha. Mas como sai do Real Madrid? O contrato, que vale até 2027, estipula 1 bilhão de euros de multa de rescisão.
E com a Espanha cada vez se fascistizando, que tribunal dará passe livre ao Vini pra se livrar das humilhações?
Escravidão moderna.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.