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Caso Anic: amante assume que matou vítima e que mandante 'é de alto poder aquisitivo', dizem advogados

Defesa de Lourival Correa Netto Fatica confirma, em coletiva, autoria do crime. Vítima teria sido morta no dia em que sumiu, há seis meses. Família pagou resgate de R$ 4,6 milhões



Foto: Reprodução
Foto: Reprodução


A defesa do técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica, principal suspeito do desaparecimento da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, admitiu, nesta sexta-feira, que assassinou a vítima. Segundo a advogada Flávia Froés, uma das responsáveis por defender Lourival, ele seria ouvido na tarde de hoje, pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), sobre o que aconteceu com Anic. O acordo de colaboração envolveria a liberdade dos filhos e de uma ex-namorada do réu, o que não se confirmou.


A oitiva aconteceria no Complexo Penitenciário de Gericinó, onde o técnico de informática está preso. O procedimento faria parte de uma tratativa para viabilizar uma colaboração premiada, na qual Lourival revelaria a existência de um mandante do assassinato. Anic está desaparecida desde o dia 29 de fevereiro de 2024. Ela sumiu após sair a pé de um shopping, em Petrópolis, na Região Serrana. Segundo a defesa de Lourival, a vítima foi morta nesta data, e nunca houve sequestro.


Flávia Froés revelou também que Lourival escreveu uma carta no cárcere contando detalhes do crime. Este documento está com ela.


— O Lourival quer esclarecer, é de interesse dele, inclusive, levar a Justiça, a imprensa ao local onde Anic morreu. Onde uma perícia com luminol perfeitamente vai apurar a existência de sangue dela no local — disse a advogada Flávia Froés, que defende Lourival.


Ainda segundo a defesa, a confissão é "para desvincular outras três pessoas que não participam" do crime. Segundo contou, no local onde Anic foi morta é possível encontrar vestígios de sangue da vítima através de exames.


— Isso vai ser objeto desse esclarecimento. A pretensão dele (Lourival) é, havendo ou não um acordo de colaboração com o Ministério Público, levar tudo à Procuradoria de Justiça, tendo em vista que as tratativas não evoluíram com o promotor da causa. Ainda que não haja um acordo de colaboração premiada, é a intenção do Fatica já esclarecer isso, levar a polícia, a Justiça, a imprensa, ao local onde os fatos se deram, onde vai se poder apurar com solar clareza, com uso de técnicas periciais da polícia científica, vai se apurar plenamente que Anic morreu naquele local — disse a advogada Flávia Froés.


Segundo a defesa, é possível encontrar e analisar material genético da vítima no local a ser apontado por Lourival:


— Há vestígios de sangue, de material genético, é sabido que o luminol consegue detectar presença de sangue até cinco anos depois do fato. Não adianta lavar. O luminol é capaz de verificar isso no local do fato aonde Anic morreu, e vai revelar a intenção dele. Havendo ou não a colaboração. Mas quanto antes puder dar fim, dar uma resposta à sociedade, aos amigos da Anic, principalmente à filha da Anic, a intenção do Lourival e da sua defesa é colaborar com a Justiça.


Lourival e outras três pessoas suspeitas de envolvimento no desaparecimento da advogada estão presas. Um pagamento de resgate no valor de R$ 4,6 milhões chegou a ser feito pela família da vítima, mas ela nunca retornou para casa. A polícia concluiu, num relatório de inquérito, que a estudante de psicologia foi possivelmente assassinada.


Nesta quinta-feira, o mistério sobre onde está Anic completou seis meses. Apesar de buscas terem sido feitas por policiais da 105ªDP (Petrópolis), o corpo da estudante de psicologia nunca foi localizado. O relatório da investigação do caso, feito pela Polícia Civil, revela ainda a proximidade entre o suspeito e a vítima, que segundo depoimento de uma testemunha, mantinham um caso extraconjugal. Ele também conclui que Anic teria entrado em um carro dirigido por Lourival, após ter sido vista pela última vez caminhando pelo Centro do município de Petrópolis, no fim da manhã do dia 29 de fevereiro de 2024. A família da vítima pagou a quantia de R$ 4,6 milhões, exigida por uma pessoa que fez contato por mensagens de texto com o telefone de Benjamim Cordeiro Herdy, de 78.família da vítima, mas ela nunca retornou para casa. A polícia concluiu, num relatório de inquérito, que a estudante de psicologia foi possivelmente assassinada.


Marido da estudante, ele é casado há cerca de 20 anos com a advogada, além de ser um dos herdeiros do fundador de um complexo educacional que originou uma universidade particular, vendida para outro grupo educador, em 2021. Apesar do pagamento, ela não voltou para casa. A polícia trabalha com a hipótese de a advogada ter sido assassinada. "Assim, Lourival Correa Netto Fática foi o idealizador do falso sequestro, tudo com fim de extorquir Benjamin a pagar o resgate de um sequestro que não ocorreu. Há fortes suspeitas que Anic, em razão desse relacionamento extra conjugal, tenha aderido ao plano criminoso de Lourival, ao menos inicialmente, certo é que ela de fato não foi mais vista, não havendo notícias de seu paradeiro, o que indica que ela possa ter sido assassinada", diz um trecho do relatório feito por policiais da 105ªDP (Petrópolis), responsáveis pela investigação.


As investigações feitas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) mostram que Lourival era responsável pela segurança pessoal da família de Anic, além de ter instalado câmeras de vigilância na casa onde a vítima e o marido moram, em Teresópolis. A advogada desapareceu após sair de um shopping, sendo vista pela última vez, por volta das 11h34, próximo ao cruzamento entre as Ruas Marechal Deodoro e General Osório, no Centro de Petrópolis.


Imagens feitas por câmeras de segurança mostram que um carro dirigido por Lourival estava nesse mesmo local. "(...) Perceba que o carro de Lourival passa neste último local às 11h49min48seg, ou seja, um minuto após passar no local da câmera anterior (11h48min52seg), sendo que o trajeto é muito curto, aproximadamente 300m, sendo normal fazê-lo em 30 segundos. Assim é possível concluir que o carro de Lourival faz uma parada para Anic entrar", diz outro trecho do relatório.

A quantia exigida em dólares, reais e bitcoins para liberar Anic — no total de R$ 4,6 milhões — foi paga pela família da vítima no dia 11 de março de 2024. Uma parcela do dinheiro em reais foi depositada em 40 contas usadas por doleiros. Outra parte serviu para comprar bens como uma picape de luxo, uma motocicleta e 950 celulares que iriam abastecer uma loja de produtos eletrônicos de Teresópolis. Deste total, a polícia recuperou cerca de R$ 800 mil que havia sido depositados numa conta de bitcoins e um carro e uma motocicleta.


Os dois veículos foram comprados por Lourival estão apreendidos à disposição da Justiça. A compra da Picape foi feita no dia do pagamento do resgate em espécie, numa concessionária de veículos, pelo próprio suspeito.


A maior parte da quantia para pagar pelo resgaste de Anic foi colocada em uma mochila e seria entregue por Benjamim e Lourival no dia 11 de março em um shopping, na Zona Oeste.


Quando a dupla estava a caminho do local, Lourival alegou ter recebido em seu celular uma mensagem determinando que levasse o dinheiro até uma cesta de lixo do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, enquanto o marido de Anic aguardaria no shopping indicado pelo retorno da mulher. Anic, no entanto, nunca reapareceu.


A polícia apurou que o suspeito não esteve em nenhuma comunidade e sim numa concessionária, onde comprou uma picape. Os quatro presos respondem por crime de extorsão mediante sequestro.


Além de Lourival estão presos um filho e uma filha de Lourival, além de uma ex-namorada do suspeito. Todos são acusados de participar de alguma maneira no desparecimento de Anic


*Com informações Extra


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