Brasil 525 anos e 233 anos da morte de Tiradentes

Por Rofa Araújo 

O dia 21 de abril é fado Nacional no Brasil porque foi nessa data que aconteceu a trágica morte de Tiradentes, considerado um “herói brasileiro”. Ou seria um mito?

Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, foi militar e líder da Inconfidência Mineira que lutou, preparou e precedeu o grande evento da Independência do Brasil, visando o fim do domínio português. Foi um propagandista fervoroso que renovou as ideias de revolucionários iluministas da independência dos Estados Unidos. É Patrono das Polícias do Brasil e da nação brasileira. Seu nome está escrito no Panteão da Pátria e da Liberdade Brasileiro, também conhecido como o “Livro dos Heróis da Pátria”. 

A luta parecia ser muito mais por autonomia frente à metrópole do que pela construção de um novo país. E, assim, Tiradentes é considerado o “herói nacional” e lhe foi atribuído o epíteto ou apelido de mártir, ou seja, ele é considerado o maior dentre todos aqueles responsáveis pelo processo de independência e, muitas vezes, até esquecido em detrimento de outros como quem gritou “Independência ou morte”, Dom Pedro I.

E, alguém já se perguntou a razão de Tiradentes ter sua figura idealizada como a de Jesus Cristo? Eles se comparados lado a lado são bem semelhantes. Tudo aconteceu quando do processo e sua transformação em herói e mártir, levando a um elemento essencial: a aproximação dessa imagem com a figura de Jesus Cristo. Essa era uma estratégia que visava aproveitar a religiosidade popular para promover a acessibilidade de Tiradentes, segundo alguns historiadores.

Tiradentes foi enforcado em 21 de abril de 1792, há 233 anos, no Largo da Lampadosa, Rio de Janeiro. Seu corpo foi esquartejado, sua cabeça foi erguida em um posto em Vila Rica (atual Ouro Preto), arrasaram a casa em que moravam e declararam infames seus descendentes. Algo bem rigoroso para a época e até com requintes e crueldade dignos de filmes épicos. E o único de todo o movimento da Inconfidência Mineira que foi morto. 

Algumas célebres frases atribuídas à Tiradentes:

- “Pois seja feito a vontade de Deus. Mil vidas eu tive, mil vidas eu daria pela libertação da minha pátria!”;

- “Jurei morrer pela independência do Brasil, cumpro a minha palavra! Tenho fé em Deus e peço a Ele que separa o Brasil de Portugal”;

- “Se dez vidas eu tiver, dez vidas daria”;

- “Se todos quisermos, podemos fazer deste país uma grande nação. Vamos fazer isso”. 

E a data 21 de abril, justamente, é véspera do aniversário de descobrimento o Brasil que em 2025 comemora os seus 525 anos quando a nau de Pedro Álvares Cabral avistou ao longe e disseram: “Terra à vista!”, na região chamada Monte Pascoal, próximo a Itamaraju, em Porto Seguro, na Bahia, sendo o primeiro ponto avistado pelos portugueses na costa do Brasil, em 22 de abril de 1500. Esse local recebeu esse nome porque foi visto na época da Páscoa e a terra foi batizada de “Terra de Vera Cruz” pelos portugueses, sendo o primeiro nome dado à localidade que seria rebatizada de Brasil, especialmente pela abundância do pau-brasil, dentre outras razões.

O que dizer do nosso Brasil ao longo desses 525 de descobrimento? Será que foi “descoberto” de verdade para certas situações comerciais, de caráter e não somente famoso “jeitinho brasileiro” de ganhar vantagem em tudo? E não viver de corrupção – que passa pelos políticos, mas pelo povo também nos mais variados aspectos, do menores aos maiores – tendo uma “ordem de progresso” profunda e não apenas como slogan da Bandeira Nacional.    

Que possamos ser cada vez mais brasileiros em sua essência, dando nosso sangue por nosso país e fazendo a nossa parte e que surjam mais heróis como Tiradentes e não apenas àqueles falsos que enganam a tudo e a todos.

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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.