Bozomort e os círculos do inferno - por Helcio Albano
Eis uma constatação inconteste: a vida, pelo menos no Rio de Janeiro, tornou-se um inferno. Não tem emprego. E quando tem, paga mal. Supermercados e farmácias se tornaram ambientes hostis com cada vez menos consumidores e funcionários - certamente demitidos ou rebaixados a intermitentes.
Os trabalhadores que lá continuam deixam evidente o seu receio de a qualquer momento não estarem mais ali, vítimas do paradoxo inflacionário: salário corroído destrói o poder de compra do trabalhador, mas aumenta a mais-valia do empregador, que vende menos, porém fatura mais. Mas você não está preparado para essa conversa.
Doze anos de esforço dos governos petistas para valorizar o salário mínimo com inflação sob controle foram para o vinagre.
Nas rodas sociais impera o desalento e o cansaço. As pessoas estão visivelmente doentes, ansiosas. Não existe mais futuro e no que se agarrar como projeto palpável de vida. A violência [de todas as formas] jaz à espreita e se autorrealiza porque o medo permanente faz com que ela se materialize penetrando nossos poros até envenenar a nossa alma e espírito.
Em muitas igrejas em que buscamos abrigo e conforto, o discurso de ódio e cizânia é força motriz que reforça ainda mais essa tragédia. E energia que gira com força mais um dos círculos do inferno que mantém o pesadelo do bolsonarismo vivo entre nós.
Somente com o fim do reinado da besta recuperaremos nossa sanidade. Confia.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.