As controvérsias do EAD em meio a pandemia e a crise econômica
Por Thunai Melo
No dia 13/03 a Secretaria de Educação do Estado do RJ (SEEDUC) decretou a suspensão das aulas da Rede Estadual de Ensino devido a pandemia e de forma autoritária, implementou uma plataforma para o ensino à distância, o “Google Classrom”, como uma maneira dos professores e alunos da rede estadual de ensino poderem ter acesso ao material didático e aulas online para a continuidade do calendário escolar mesmo com todas as contradições do EAD (Ensino À Distância) apresentadas pelo SEPE – RJ (Sindicado Estadual dos Profissionais da Educação) e a Comissão de Educação da ALERJ, além do Ministério Público do RJ. As autoridades se negam a ter um debate transparente e honesto sobre
A SEEDUC através do Secretário de Educação, Pedro Fernandes, não dialoga com a categoria e a comunidade escolar, a plataforma não consegue atender as demandas dos alunos, principalmente residentes em áreas periféricas e rurais que não possuem viabilidade técnica para muitas unidades escolares, principalmente em regiões periféricas aonde a falta de políticas públicas para o tratamento de esgoto, saneamento básico e a violência fazem parte do cotidiano dos alunos.
São por volta de 680 mil alunos distribuídos em 1217 escolas da rede que poderão ser prejudicados pela precariedade do ensino, em um processo de exclusão, aonde a SEEDUC desconsidera todas as denuncias feitas pelos alunos e pelo corpo docente cadastrado na plataforma. As medidas adotadas pelo Governo do Estado como a contribuição no valor de R$ 100,00 por aluno e a entrega do material impresso via correios, não são suficientes para garantir a qualidade de ensino para todos, deixando 47% dos alunos que não tem acesso a computadores, segundo os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese). De acordo com o MP, a SEEDUC não apresentou nenhum plano para que as aulas através do EAD se tornem dias letivos e o retorno das aulas deve ser debatido entre todos da unidade escolar.
É extremamente necessário que os profissionais de educação defendam uma educação inclusiva para todos, o EAD não é um “puxadinho da escola”, relatar todas as denúncias da comunidade escolar contra um sistema tão excludente aliada a uma política de segregação e antidemocrática do governo. Não há condições da continuidade do calendário escolar continuar em condições aonde vidas estão sendo colocadas em risco e a aprendizagem está sendo colocada em segundo plano. Devemos lutar por uma educação pública de qualidade para todos e pela vida.
Thunai Melo - Professor de História da Rede Estadual de Ensino e Diretor do Sepe - SG