Acordo com PL na Câmara prevê Altineu Côrtes na vice-presidência
Vice-presidência no Senado também ficará com o partido de Bolsonaro
FÓRUM - A saída de Arthur Lira (PP-AL) da presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro poderia dar ao governo Lula mais tranquilidade na articulação com a casa legislativa, que concentra um dos principais focos de resistência à governabilidade. No entanto, o presidente não terá facilidades em 2025 e nem no ano eleitoral de 2026, quando deve tentar a reeleição.
Os acordos firmados, incluindo a bancada petista, projetam que Hugo Motta (Republicanos-PB), candidato de Lira, assumirá o comando da Câmara, enquanto Davi Alcolumbre (União-AP) deve retomar a Presidência do Senado com o fim do mandato de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Entretanto, é na vice-presidência onde Lula e o governo devem enfrentar uma resistência que pode ser até pior que a de Lira.
Nas negociações para angariar os votos necessários para a eleição, tanto Motta quanto Alcolumbre prometeram a vice-presidência das casas legislativas ao PL, de Valdemar da Costa Neto e Jair Bolsonaro.
Na Câmara, o PL indicou para o cargo o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), que já negocia com Bolsonaro para ser candidato ao senado do clã pelo Rio de Janeiro em 2026.
Desde 2015 na Câmara, Côrtes tem relação próxima com a família do ex-presidente até mesmo em investigações de escândalos de corrupção.
Assessores do deputado fluminense são investigados no mesmo inquérito em que Rogério Cupti, um dos principais auxiliares de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) na Câmara carioca, é acusado de corrupção em um esquema implantado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Segundo investigação, entre 2021 e 2022, diversas figuras ligadas ao Partido Liberal do Rio de Janeiro foram empregadas na folha de pagamento da UERJ como bolsistas de pesquisa universitária. Entre elas, há ao menos 20 assessores e auxiliares informais de Cortês.
Ex-secretário estadual nos governos Rosinha Garotinho e Wilson Witzel, Cortês é um dos principais membros da da, assim chamada, Frente Parlamentar contra a Doutrinação nas Escolas, e deve trabalhar intensamente para que o projeto de anistia, que beneficia Bolsonaro, seja colocado em pauta na Câmara.
Já no Senado, a negociata feita por Alcolumbre deve colocar Eduardo Gomes (PL-TO) como primeiro vice-presidente.
Oriundo do PSDB, o senador do Tocantins faz parte da ala tucana que aderiu ao bolsonarismo, sendo líder do governo do ex-presidente na casa legislativa.
No comando da bancada bolsonarista no Senado, Gomes foi flagrado pela Polícia Federal em áudios pedindo propina - que somam cerca de R$ 760 mil - a empresários em troca de ajuda no InMetro.
O senador tocantinense também é alvo de investigação da PF por supostamente participar de um esquema de corrupção no Congresso Nacional chamado “mercadão das emendas”.
O esquema está na esteira do chamado Orçamento Secreto e, segundo a PF, revela que parlamentares cobravam uma espécie de "pedágio" para desviar dinheiro de emendas destinadas a prefeituras.
Gomes também foi acusado de oferecer R$ 100 milhões em emendas parlamentares para que o também senador, Jorge Kajuru (Podemos-GO), apoiasse Jair Bolsonaro em 2021.
Autor de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para garantir foro privilegiado vitalício a ex-presidentes, Eduardo Gomes ganhou de Bolsonaro um cargo para o sogro, Carlos Geraldo Santana de Oliveira, na diretoria da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Alcolumbre, que comandará o Senado, também ganhou à época um cargo semelhante para abrigar o amigo Valdez Ribeiro de Mourão.
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