A secretária de Cultura veio burocratizar pra desburocratizar
Por Helcio Albano
Ontem (19.jun.23) produtores, artistas, ou simplesmente "fazedores de Cultura", lotaram o Teatro Municipal. E o motivo não foi nenhum espetáculo cênico ou sonoro, mas os aproximadamente R$ 15 milhões em editais que serão injetados em São Gonçalo nos próximos 12 meses através das leis federais Paulo Gustavo (R$ 7,8 mi), Aldir Blanc 2 (R$ 5,2 mi) e mais R$ 2,2 mi de recursos próprios da Prefeitura.
A casa cheia deveu-se à realização de audiência para apresentar ao respeitável público a nova secretária de Cultura, Júlia Sobreira, e as possíveis diretrizes a serem tomadas para a implementação da LPG no município.
Antes de iniciar a audiência, promovida e organizada pelo Conselho Municipal de Cultura, troquei dois dedinhos de prosa com a secretária e, da conversa - depois reforçada na reunião - tive as seguintes impressões gerais:
1. Ela quer facilitar as formas de entrada e de saída dos editais. O seu foco - e maior desafio, segundo deduzi da conversa - é "burocratizar pra desburocratizar", tanto os processos de habilitação e premiação dos projetos, quanto de prestação de contas, que não será mais financeiro, mas por registro fotográfico. IPTU em dia e estar 100% regular com o fisco deixariam de ser exigências.
2. Julia não quer entrar em bola dividida. Ainda mais em véspera de eleição com um dinheiro que não é "seu". Por isso sinalizou se esforçar para que todos sejam contemplados. Até os não cadastrados na Secretaria, a serem "identificados" em busca ativa no melhor estilo "quem quer dinheiro?" da Cultura.
Isso parece ser bom, mas também pode dar muito ruim. A ver - e participar.
Plus
A audiência, costurada pelo vereador Romario Regis (PDT) - que também acumula a presidência do Conselho - teve a ausência bastante sentida do também vereador, ex-secretário de Cultura e atual presidente da Comissão que analisa as questões da área na Câmara, Lucas Muniz (PP).
Bônus
À mesa, além de Regis e Sobreira, a secretária de Gestão Gabriela Bessa, representantes do Fórum Gonçalense de Cultura e da Câmara de Vereadores, com participação remota do MinC.
O representante low profile enviado pela Câmara apenas sentou-se à mesa, fez os agradecimentos, se levantou e foi embora, deixando sozinhos Regis e Sobreira, que conduziram a reunião.
Bônus-Track
Corria à boca miúda, envolto a um clima de tensão entre latente e patente, que o ex-sub e braço direito de Muniz, Eric Rodrigues, estava pronto para "implodir" a audiência caso Júlia Sobreira criticasse o ex-mandatário da pasta.
A única menção de Sobreira à gestão anterior se deveu à exigência da regularidade do IPTU no edital promovido pela Secretaria no ano passado: "Isso foi um erro", disse a secretária.
E a audiência não foi implodida.
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