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Foto do escritorJornal Daki

A resiliência gonçalense, por Dimas Gadelha


Jandira/Foto: Acervo pessoal
Jandira/Foto: Acervo pessoal

Desde tempos imemoriais que poetas, filósofos em seus graus mais altos de iluminação, mulheres e homens das artes, espiritualidades e de fé, têm nos alertado que a beleza e verdade das coisas, em toda a sua força, arrebatamento, bem-estar e alegria, está naquilo que há de mais simples na vida. E entre elas, com certeza, está sentar-se à mesa de um lugar aconchegante, tomar um café forte e quentinho no frio e papear com os amigos para sair um pouco dessa correria diária atual que tensiona a nossa sanidade.



Num dia desses pude conversar e conhecer a história de Jandira Magno, dona de um simpático bistrô no Centro de São Gonçalo que é a pura expressão da resiliência na cidade. Ela trabalhou um bom tempo da vida como bancária e ao aposentar-se decidiu realizar o sonho de reproduzir para o público o amor e ancestralidade vividos em casa, geração por geração, em forma de afetos que se sentem por toda a parte: na decoração e mobília, na gastronomia caseira, nos livros e no palco sempre a receber um grande artista da terra ou um nome consagrado, como o Geraldo Azevedo, que também já passou por lá. O Bistrô D’Avó, nome dado em homenagem à sua mãe, se tornou uma das maiores referências culturais da cidade de São Gonçalo.



Pois tudo isso ficou muito perto de se perder, se não fosse uma conjunção de coisas e pessoas atuando para deixar o bistrô aberto e de pé. Pouco antes da pandemia, Jandira, junto ao sócio, tirou o Bistrô de um lugar menor e levou para um maior, onde fica atualmente na Rua Eduardo Vieira de Souza. O primeiro semestre de 2020 foi muito difícil. Seu tipo de empreendimento foi pego em cheio, tendo sido obrigada a fechar a portas por vários meses sem faturamento e com o peso do investimento realizado pouco antes da crise sanitária.



Conhecedora de finanças, soube onde e como cortar sem desistir, operando sempre no limite. A partir de julho, uma luz surge no fim do túnel, com a aprovação da Lei Aldir Blanc, de autoria da deputada Benedita da Silva (PT), que socorreu artistas e centros de cultura, como o dela, com subsídios que a permitiram respirar, atravessar a tormenta e sobreviver até o lento retorno à normalidade com o avanço da vacinação.


Jandira disse que o pior já passou e que as pessoas aos poucos estão voltando. Uma semana antes, houve um grande evento reunindo mulheres escritoras de São Gonçalo.


O povo - principalmente as mulheres desta cidade - é muito forte.


Dimas Gadelha é médico sanitarista, secretário de Gestão e Metas de Maricá e ex-secretário de Saúde de São Gonçalo.




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