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A naturalização do absurdo

Foto do escritor: Jornal DakiJornal Daki

Por Rofa Araújo 

Foto: Reprodução/Internet

Como dizem: “O mundo não gira, capota”. E parece uma grande verdade. Fatos têm acontecido que passam de tragédia ao pitoresco, virando uma repetição do que já foi visto, seja para o bem ou para o mal.


Quantas vezes observamos notícias na TV ou internet em que há um crime chocante para a sociedade e que, tempos depois, esse mesmo tipo acontece novamente como se fosse inspirado pelo pioneiro? E isso não é algo a elogiar, mas a alarmar do que tem realmente ocorrido com o mundo nos tempos atuais para chegar a esse ponto.


É um tal de invade escola, balas perdidas, envenenamento de pessoas, racismo, homofobia, que vimos nos noticiários e, que, repete como se fosse uma epidemia. Parece que os maus exemplos são para lá de seguidos, infelizmente.



Fake news de toda espécie, desde políticos até negacionista da ciência são viralizados e ninguém nem reflete se é verdade ou não. Acha que justamente por todos repassarem não é mentira e não percebe que é usado por quem deseja disseminar o mal para todos pensarem que quanto pior a situação, melhor para seus objetivos.


Absurdo é um termo que se refere algo que não tem sentido, que é contraditório ou que não segue as regras da lógica. É o que mais acontecido no mundo de hoje.


A chamada “filosofia do absurdo” é uma reflexão sobre a vida e a ausência de uma justificativa racional para ela. O filósofo Albert Camus considerava o absurdo como uma força geradora de perguntas para uma mente inquieta. Ele disse que “O absurdo é a razão lúcida que constata os seus limites”. Será? As situações que temos visto leva as pessoas a perguntar ou pensar sobre elas? Ou apenas repassa adiante como se fosse algo mais natural possível?



Invertendo o sentido do “absurdo”, Honoré de Balzac indagou: “É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música”. São os “absurdos” considerados “normais” de uma determinada época em relação à atualidade.


Cicero nos leva a refletir a respeito dos “absurdos” atuais, quando diz: “Não há nada de tão absurdo que o hábito não torne aceitável”. Todos parecem estar aceitando cada coisa hoje em dia que parece uma rotina normalíssima.


O grande ator e diretor do cinema-mudo, Charles Chaplin sabiamente deixou a seguinte frase: “O humorismo alivia-nos das vicissitudes da vida, ativando o nosso senso de proporção e revelando-nos que a seriedade exagerada tende ao absurdo”. E não parece que, certas horas, levamos a vida muito a sério, deixando até mesmo de aproveitar certos momentos alegres?


A escritora Lygia Fagundes Telles parece sugerir algo a todos nós que está vez mais raro: “Não peça coerência ao mistério nem peça lógica ao absurdo”. Se não parece ter lógica um “absurdo” observado por aí agora, por que, então, vamos concordar com ele como se fosse a coisa mais normal do mundo? É preciso estar mais atendo ao que se passa à nossa volta e não ficar alheio e ser dominado pela enxurrada de posts nas redes sociais que não tem nenhum compromisso com a verdade nem com a lógica.


Despedimos com um trecho de uma canção de Raul Seixas que vale muito a pena pensar sobre ela: “Eu, louco do absurdo cansado de cansaços desmorono-me em breves reticências...”. Essas “reticências” nos fazem ter de completar uma frase, uma ideia. Assim, não acreditaremos em qualquer absurdo nem muito menos vamos naturalizá-lo.


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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.


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