A mudança não é repentina, mas a decisão é já
Por Rosana Melo
Não somos só uma massa corporal, mas fragmentos de muitas partes que dão sentido a existência de um corpo, que fazem parte de um mecanismo de funcionalidade para determinar que há vida naquele corpo. Somos eternos curiosos quanto a nos conhecer, e principalmente o que há de oculto para nos revelar. A mente humana carrega por séculos o desejo de responder a pergunta latente que todo adulto tenta responder: QUEM SOU EU?
QUEM SOMOS NÓS? Somos um corpo, um espírito, uma alma, que tem consciência, inconsciência, e pré-consciência, regidos por emoções, que recebe as mais importantes informações basilares na infância, carregada de todos os tipos de memórias coletivas de crenças dos antepassados, e dos atuais influenciadores, religiosos, acadêmicos, artísticos com linguagens que mais colocam as mentes em cativeiros do que em liberdade.
Somos seres, cada vez menos autônomos, implodidos numa entropia emocional, com excesso de informações distorcidas, e sem nenhum critério de análise para filtrar o que se vê, ouve e lê, e por isso, consentimos nos perder de nos mesmos e, lamentavelmente entregamos a gestão da nossa existência para mentes de seres desequilibrados. Não há mais referencias concretas, tudo é efêmero e a maturidade chegando cada vez mais tardia, “O EU” infantil, está ditando regras e interferindo nas decisões que deveriam ser do “EU ADULTO”. O desequilíbrio emocional virou moda, e vidas estão travadas como um veículo com freio de mão puxado, mentes automatizadas como meros robôs repetitivos, ditando regras de comportamento, criando cada vez mais recursos de dependência pelo supérfluo, dando maior valor a coisas do que a pessoas, porém, aumentando ainda mais as ilusões, desilusões, o sofrimento, a solidão e as doenças.
Ao trazer luz à consciência, diante nos nossos fragmentos emocionais, uma vida saudável só é possível mediante a decisão de mudança de comportamento e posicionamento. São longos anos de uma fortaleza de crenças e pensamentos sendo erguidos na mente. Mudar uma crença, uma mentalidade estabelecida requer um esforço grande. Se o olhar focal estiver somente no aqui e agora das dificuldades e não nas soluções, a mente não terá espaço para ressignificar o passado, criar metas saudáveis para amadurecer e projetar-se para um futuro melhor.
Não há mágica para mudar, é decidir mudar e ser mais feliz, ou manter-se prisioneiro nesta condição. Procurar ajuda é uma questão de maturidade e auto responsabilidade, para identificar as tensões, dominar as emoções e se for necessário, fazer um reset, para conseguir ver onde é mais forte, e dar nova direção onde não é tão forte, e realizar novos e pequenos hábitos de mudança. Há muita preocupação em dar atenção nas partes dos fragmentos do EU, e acabamos nos esquecendo que somos um todo, um entrelaçamento de corpo, espírito e alma, que um não se separa do outro, e que, a emoção é o agente principal do todo.
Estudamos, fazemos faculdades, participamos de instituições religiosas, lemos livros, vamos a eventos, nos enchemos de conteúdos; recebemos as mesmas informações, mas por sermos diferentes e como as memórias afetivas familiares, nos influenciaram de como lidarmos com as emoções, nos comportamos de maneira distintas mesmo recebendo as mesmas informações e ensinamentos. Isto quer dizer que, não é a informação ou o ensinamento adquirido que forma a pessoa, mas a decisão de posicionar-se diante de tudo o que recebeu.
O autoconhecimento é fundamental para expandir a mente e ter novos insights e tomar decisões mais assertivas. Nenhuma mudança acontece da noite para o dia, porém a decisão é sempre agora.
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Rosana Melo é Psicanalista Clinica e Neurociência e Física da Consciência.Siga @rosana.melofp
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