A Ler é Arte é símbolo eterno de luta e resistência em São Gonçalo
Por Helcio Albano
A livraria Ler é Arte, também conhecida como "única livraria de rua de São Gonçalo", fechará as suas portas nesta sexta, 20 de dezembro. Um dia triste.
A proprietária, a bravíssima Virgínia Siqueira, resistiu até onde pôde. Resistiu à Amazon, às intempéries de qualquer negócio e até a uma pandemia. Mas não conseguiu reverter os efeitos deletérios de uma mudança que parece estrutural e definitiva do mercado editorial em todo o país. Que tem derrubado a venda de livros físicos em livrarias de rua e até em shoppings centers, as mecas do consumo.
Os simpáticos espaços de encontros, convivência e descobertas estão em extinção, o que muito revela o estado atual dessa sociedade de telas, aplicativos e plataformas de bobagens descartáveis, hoje imbatíveis na economia da atenção de adultos e crianças. O que talvez explique os resultados da pesquisa "Retratos da Leitura 2024", que concluiu, pela primeira vez, que a maioria dos brasileiros não leem livros. Uma tragédia.
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Isso não vai dar bom, quando se sabe que é com livros que se constrói um país. E, em nosso caso em particular, uma cidade, que perde muito com o desaparecimento da livraria, às portas - que agora se fecham - de completar 20 anos em maio do próximo ano.
A história de resistência da Ler é Arte, porém, não acaba aqui. Porque, no último dia 12, foi criada por um grupo de editores e escritores, a "Frente Literária Gonçalense", que surge justamente pra pensar e atuar pela consolidação de políticas de leitura e de um mercado editorial sustentável na cidade. E a Virgínia, claro, foi nossa fonte de inspiração.
A Ler é Arte vive!
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A história das minhas andanças como publisher, jornalista e depois editor se confunde com a Ler é Arte, fundada em 2005, um ano depois da criação do projeto Apologia na FFP-UERJ, que viria a se transformar na editora Apologia Brasil que, além dos livros, publica o Jornal Daki.
Bônus
Do projeto Apologia foi criado o jornal Apologia, que se pretendia uma ágora de discussão e de debates sobre o papel da universidade na cidade e vice-versa. E a Ler é Arte foi um ponto fundamental e estratégico de distribuição da publicação, editado até 2008.
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Na Ler é Arte foi criada uma estante de apenas escritores gonçalenses, com maioria das obras com a marca Apologia Brasil.
A tristeza que sinto ainda precisa ser processada.
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Veja registro que fiz com Virgínia.
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.