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Foto do escritorJornal Daki

A ditadura e o sofrimento de Maria Alice, por Cristiana Souza


Protesto contra a Ditadura em 1968/Foto: CPDOC JB
Protesto contra a Ditadura em 1968/Foto: CPDOC JB

O sentimento de perda, dor e tristeza acompanharam Maria Alice, nossa personagem desse domingo chuvoso, desde o desaparecimento dos seus pais na ditadura militar. No ano de 1964, aquela menina de apenas 10 anos de idade, não poderia imaginar que a sua vida e de sua família seria marcada para sempre de forma cruel e desumana.


A Ditadura Militar no Brasil ocorreu entre 1964 e 1985. Nesse período, o autoritarismo, a censura e a tortura foram práticas comuns do governo.


Os pais de Maria Alice faziam parte de organização política partidária e lutavam com vários companheiros, que assim como eles não aceitavam viver num Estado de exceção.

Segundo Chiara Ferreira Fustinoni e Angela Caniato, em artigo publicado em 2019, justificada pelo discurso de combate ao comunismo, a ditadura instalou-se impondo aos transgressores, gradativos processos de repressão. Os dissidentes sentiram como efeito ações violentas motivadas a "educar" os então chamados "subversivos". Tal "educação" buscava, sobretudo, inibir ações/ideias discrepantes do sistema imposto e, como consequência, ocorreram sequestros, torturas, mortes e ocultação/desaparecimento de pessoas.


Nesse sentido, os pais de Maria Alice, assim como pelo menos 434 brasileiros desaparecidos e assassinados nos porões da ditadura, foram levados por militares quando participavam da passeata de 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de Janeiro, evento icônico que contou com a participação de artistas, intelectuais e outros setores da sociedade brasileira. Essa manifestação popular contra a ditadura militar, ficou conhecida como a Passeata dos Cem Mil.


Os pais de Maria Alice jamais retornaram para casa após essa passeata e a vida daquela família se transformou numa eterna busca por notícias.



"Desaparecer com um corpo, não é coisa fácil; algo resta nesse corpo morto, resta o familiar, aquele que vive o luto por sua perda e que, por sua insistente reclamação pelos corpos desaparecidos e negligenciados, explicita o crime ali cometido, eternizando-o", observam atentamente Fustinoni e Caniato no mesmo artigo.


Os dias sem respostas se tornaram anos e a pequena Maria Alice se tornou uma mulher. Ela herdou dos seus pais a força em lutar por uma sociedade livre, democrática, fraterna e na sua trajetória participou de vários movimentos sociais, se tornando uma militante dos direitos humanos e da justiça social.


Essa mulher que desde criança teve que aprender a ser forte, sabe que não podemos hesitar em lutar e confrontar as tentativas de destruir a nossa democracia.


Ditadura Nunca Mais!

Cristiana Souza é Assistente Social.




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