A carne mais barata do mercado, por Rafael Abreu
"Bandido bom é bandido morto!"
Uma frase simples e com um efeito devastador. Foi assim, de maneira simples e sem planejamento, que o Witzel e o Bolsonaro chegaram ao poder executivo.
Apresentando sempre uma frase de efeito e uma resposta simples, semelhante aos papos de boteco, para temas tão complexos, reais e urgentes em nosso estado e no nosso país.
Primeiro ponto, se alguém te oferecer soluções simples, para temas tão complexos, nem dê ouvidos a ele, pois ele não sabe nada do que está falando.
Segundo ponto, eles estão cumprindo o que prometeram durante toda a sua campanha.
Matar e oprimir os periféricos e as minorias.
Existem várias formas de se matar uma população.
Seja por meio de envenenamento e contaminação, encarcerando em massa,
retirando os empregos, direitos, aposentadoria, políticas públicas efetivas e toda a sua dignidade e História.
A Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro, matou 434 pessoas em confronto no primeiro trimestre de 2019, de janeiro a março nós tivemos uma média de sete óbitos por dia.
As mais de 400 mortes representam o maior número registrado desde 1998.
Os dados são do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP).
Segundo as pesquisas, a polícia militar carioca cometeu 1 em cada 3 homicídios no estado.
A taxa recorde foi atingida em maio, quando a polícia fluminense matou 171 pessoas, 32,2% do total dos casos de letalidade violenta (531), que reúne todos os índices criminais que resultaram em morte.
Em cinco meses a fatia de mortes por policiais passou de 20% a 28%.
A participação recorde é também fruto da política de enfrentamento defendida pelo governador Wilson Witzel (PSC), eleito com uma pauta de endurecimento na segurança pública.
Com a estúpida frase:
"Direitos humanos são para humanos direitos."
Eles conseguiram entrar no imaginário popular para distorcer completamente a realidade sobre os fatos.
É um show de desonestidade intelectual.
Se existe algum ser humano, que é contra os direitos humanos, esse alguém das duas uma, ou ele é transgressor desses direitos ou ele é um animal irracional.
Não tem outra definição para isso.
Os policiais no Rio de Janeiro, muitas vezes matam em legítima defesa. Entretanto, pesquisas da Human Rights Watch e de outras organizações, demonstram que muitos homicídios são na verdade execuções extrajudiciais.
São abusos cometidos pelas forças policiais na maioria dos casos.
As execuções extrajudiciais cometidas por alguns policiais, também colocam a vida de outros agentes em risco. Ao fazer com que comunidades inteiras por eles patrulhadas, não confiem na polícia. Além disso, suspeitos estarão menos propensos a se entregarem pacificamente à polícia quando sabem que serão executados.
E toda essa política de enfrentamento, torna as comunidades cada vez menos propensas a cooperarem com a polícia, pois sabem que quando ela entra na favela, será para matar.
Eles têm um alvo com um perfil social e traços étnicos muito bem definidos.
O que está em curso nada mais é do que um genocídio de jovens negros periféricos.
Esse Racismo institucional, leva a polícia do Brasil e a dos EUA a matar mais negros e pobres.
A filtragem racial das intervenções policiais no Brasil e nos Estados Unidos
demonstram todo esse racismo institucional velado.
Os dados sobre agressões e mortes de jovens negros nos dois países são alarmantes e salientam a desigualdade e o preconceito que muitas vezes custam a vida dos cidadãos inocentes.
Para o professor Adalmir Leonídio, coordenador do Observatório da Criminalização da Pobreza e dos Movimentos Sociais da USP, há similaridades entre a situação nos Estados Unidos e no Brasil.
“Nos dois países, o alvo preferencial da violência policial que se traduz em tortura e assassinatos.
são preferencialmente negros e pobres, moradores dos chamados ‘territórios da pobreza’. No entanto, precisamos considerar a desproporção numérica entre as duas realidades. O Brasil mata muito mais negros e pobres que os Estados Unidos”, ressaltou.
Autoridades federais e estaduais devem adotar medidas urgentes para combater a letalidade policial no estado do Rio de Janeiro, que alcançou recordes históricos.
Contudo, esse atual governo, parece não se importar muito com os dados e os números.
Eles mascaram a realidade e omitem a verdade.
A estratégia deles é simplesmente não falar nela e não apresentar dados e números.
Por que eles e todos nós sabemos que os números não mentem, mas já esse governo, mente o tempo todo.
Rafael Abreu faz análises de conjuntura política nacional às quartas no Jornal Daki.