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Tina

SÃO GONÇALO DE AFETOS


Por Paulinho Freitas

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Conheci Tina nos tempos de juventude, quando frequentava igreja, tocava na missa e sonhava ser artista. Ela era espevitada, não parava quieta um segundo, queria participar de tudo, só vivia rindo e abraçando as pessoas que estavam perto. Abraçava até desconhecidos na rua. Tina era o amor em pessoa. Seu tempo conosco foi curto, seu pai mudou de emprego e a família mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro.  


Tina deixou saudade em muitos corações. Ela parecia uma personagem dos quadrinhos, uma que tinha os cabelos de flor e um namorado chamado Rolo. Ela também tinha os olhos grandes e usava sempre uma blusa curta, amarela, uma calça jeans de cintura baixa e tamancos.  A bolsa de couro à tira colo completava o figurino, sua marca registrada. Só não tinha um namorado chamado Rolo. Não tinha porque não queria, todos os rapazes babavam por ela, mas ela era tão legal, tão gente boa, que ninguém tinha coragem de pedi-la em namoro para, no caso de ser mal sucedido, estremecer a amizade. Tina não era mulher para ser conquistada com flor e poesia. O cara tinha que ter atitude, ser impetuoso como ela era, chegar chegando. Ela não era do nosso tempo. Parecia ter vindo do futuro. 



Ela me deixava com dúvidas sobre sua sexualidade. Nas festas, uma hora estava cercada de meninos, gostava de futebol, vascaína roxa, sabia a escalação do time, as posições de cada jogador e a armação tática da equipe, coisa que até hoje eu não consigo decorar. Outra hora já falava coisas de menina, como moda, novelas, rapazes e todos os demais assuntos que as meninas da época falavam. De vez em quando ela me vem à lembrança e me pergunto por onde anda nossa querida Tina, como estaria sua vida, se tinha virado uma vozinha engraçada, ou uma tia solteirona e a preferida dos sobrinhos, aquela que topa todas as bagunças e faz todas as vontades. Tina é uma caixinha de surpresas. 


Abri minha rede social na manhã de domingo passado e um de meus contatos postou vários vídeos curtos de uma festa ocorrida na antiga fábrica Bhering. Em todos os vídeos aparecia uma mulher de cabelos vermelhos, ora rodeada por mulheres, ora conversando com alguns homens, hora dançando no meio de uma roda sob aplausos e olhares de cobiça. Demorei a reconhecer, mas desconfiado dei um zoom e meu domingo virou um túnel do tempo. Era minha amiga Tina! Ela virou uma senhora-menina ou, uma menina-senhora, ou quem sabe, ainda, um ser atemporal. Ela aparece até subindo e descendo o Polly dance e dependurada numa lira, em expressões corporais que não faço nem deitado, quanto mais no ar. 


Fiquei muito feliz em revê-la e saber que ela continua jovem e feliz. Ela continua sendo alegria, continua sendo abraço, continua sendo a luz dos lugares, continua sendo amor. Ê coisa boa é viver!!!!!!!!! 


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