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Foto do escritorJornal Daki

Renato Cardoso, o empreendedor de Cultura, celebra 10 anos de Diário da Poesia


O professor, poeta e produtor de cultura multimídia Renato Cardoso, 37, é um batalhador em prol da cultura em São Gonçalo.

Seu trabalho no município gonçalense e adjacências ganha, ano após ano, relevo na cidade e também fora dela. No aniversário de 10 anos do projeto Diário da Poesia, criado por ele, ficou evidente o alcance de todo esse trabalho, não só do Renato, mas de tantos artistas e frequentadores dos eventos que são do mais alto nível de organização e empenho. Recentemente Cardoso estreou nas ondas da Rádio Aliança FM, onde mantém, com seu parceiro de todas as horas, J. Sobrinho, o programa Arte, Cultura e Outras coisas, que vai ao ar sempre aos sábados, das 12h às 14h. Imperdível!

E partindo das comemorações de uma década do Diário, o Jornal Daki entrevista o responsável pelo trabalho de Hércules em um município carente de estímulo e investimento na educação, na arte e na cultura.

Obrigado por existir, Renato.


O Diário da Poesia completou 10 anos. Houve, neste dia 12 de abril, a comemoração de aniversário do Diário no espaço do ICBEU. Portanto, partindo das suas reflexões pós-evento, gostaríamos de saber se você imaginou (lá no começo) que os encontros e as parcerias chegassem a esse patamar de realização, e se tornassem referência em São Gonçalo e adjacências, nos quesitos arte e cultura?

O Diário da Poesia nasceu em 2009, graças ao incentivo do Jornalista J. Sobrinho, que me convidou para realizar um evento no SINDSPEF-SG (Sindicato dos Servidores Públicos e Efetivos de São Gonçalo). Eu tinha lançado, na mesma época, meu primeiro livro de poemas, chamado “Devaneios d’um Poeta”. Nunca havia organizado algo do tipo, nem tampouco sonhava em fazer um movimento literário. O Diário da Poesia nasceu de um convite, e que aos poucos fui percebendo a necessidade dele para a comunidade. Na época existiam outros movimentos culturais (o artista gonçalense era mais engajado), tentamos às duras penas continuar, mas no final de 2009 paramos por total falta de estrutura e espaço. O sonho continuou...

Em 2014, também por intermédio de J.Sobrinho, voltamos e paramos no Restaurante Sintonia Fina, onde ficamos por 2 anos e meio. Lá nós renascemos e nos desenvolvemos. Voltamos com uma estrutura totalmente diferente, mas o cenário havia mudado (o artista gonçalense não estava mais tão engajado assim e os movimentos literários estavam acabando)... Em 2016 percebemos a necessidade de renovação, onde criamos o Diário Itinerante. Atrair os jovens passou a ser nosso objetivo maior.

Em 2017, mudamos de casa novamente e fomos para a Galeria de Artes do ICBEU, local dos imortais. Com essa mudança, percebemos que o trabalho iniciado, um ano antes, com os Itinerantes, começou a surgir efeitos e os jovens foram chegando. Hoje, nosso público é variado, assim como as apresentações. A renovação vem acontecendo gradativamente. A falta de incentivo e tudo mais continua, afinal estamos em São Gonçalo. Mas isso nunca nos apavorou. E como sempre digo, me orgulho de sermos independentes.

Hoje, nós temos um Jornal Impresso, bimestral, que fala somente sobre arte e cultura. Tem um Portal cultural, que trabalha associado ao jornal. Lançamos livro todo ano, através dos concursos de poesia que realizamos. Tudo isso com a ajuda de empresas privadas amigas. Não temos fins lucrativos e nem interesses políticos, e isso faz do Diário da Poesia um grupo forte com, aproximadamente, 60 artistas trabalhando voluntariamente em prol da cultura local.

Vale ressaltar que o Diário conta com escritores de fora do Estado do Rio de Janeiro e até mesmo do Brasil. Nunca imaginei que de um convite nasceria um projeto tão solidificado e bem estruturado. Isso tudo agradeço aos artistas que fazem parte do projeto e ao público que comparece aos eventos. Sem eles nada prosperaria. São Gonçalo tem muita gente boa, o que falta é incentivo, ajuda, parcerias...


O que significa o Diário da Poesia pra você?

Um objetivo de vida. Uma oportunidade de tentar modificar um pouco de tudo que está errado por aí. Acredito que somente pela arte poderemos resgatar a educação tão abandonada no Brasil. Mostrar aos adolescentes que eles são capazes de se expressar e dar voz a eles, é o que o mundo necessita. Mostrar que a arte, como um todo, não serve só para entreter, mas também como agente transformador de uma sociedade sofrida, é tudo. Os planos são sempre inovadores, sem medo, com os pés no chão. Se em cada cidade no Brasil tivesse, pelo menos, um movimento literário, com certeza nosso país estaria melhor, nossa população seria mais bem informada, e, consequentemente, tudo estaria nos seus devidos lugares. Enquanto a saúde me for dada, o Diário existirá. Enquanto tiver uma pessoa para nos ouvir, o Diário continuará.

Olhando hoje esse legado cultural que o Diário da Poesia tem alcançado, você acha que seu objetivo de promover a educação, neste nosso município carente de apoio, tem sido alcançado?

Sinceramente não! O que a gente faz é tentar minimizar o que está ruim, mostrando que a arte é o caminho para melhorar a educação. Mas nosso sistema político-educacional não nasceu para dar certo, pelo contrário, nasceu para ser isso que presenciamos. Mas, graças a Deus, enquanto houver professores determinados e movimentos literários abertos a diálogos com as escolas, um ponto de mudança existirá. Só que sem investimento nessas áreas, as coisas não mudarão tão rapidamente assim. Temos que ter mais políticas de inventivo e menos politicagem.

Fale, por favor (um pouco) pra gente como é a experiência do Diário Itinerante; e fique à vontade para convidar os leitores do Jornal Daki para que conheçam o Diário.

O Diário Itinerante é a nossa menina dos olhos. É o que faz nossos olhos brilharem. Já me chamaram de maluco por ir às escolas num sábado pela amanhã para levar cultura. Quero continuar sendo maluco. Ver nos olhos de cada criança/adolescente o gostinho de quero mais, não tem preço. Vê-los se expressar, é realmente fantástico. A maioria dos problemas emocionais que os jovens têm hoje é por não terem meios de se expressarem, e nós damos isso. Publicamos eles! Falamos que eles são bons! E, aos poucos, tudo vai melhorando... Ou, pelo menos, estamos tentando.

Quem quiser conhecer o Diário da Poesia, basta comparecer sempre na segunda sexta-feira de cada mês ao ICBEU – Zé Garoto ou pelo nosso portal www.diariodapoesia.com.br.

Obrigado ao pessoal do Jornal Daki pelo espaço!

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