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Foto do escritorJornal Daki

“Medeia – a potência feminina que emana de todos os lados”


“Quanto mais discriminam mais cresce o número de espetáculos com pessoas negras, nos bastidores ou no palco, fazendo sucesso. E isso incomoda muita gente.

E na leitura de “Medeia”, não foi diferente. O salão, os balcões e as galerias do Municipal lotados, cujo elenco, trilha sonora e vestes jogaram luz a uma África contemporânea”.


Fotos: Léo Zulluh

O Teatro Municipal de Niterói abriu as portas, ontem, para o grande público poder assistir a tragédia grega “Medeia”, escrita por Eurípedes, há 431 a.C, que para essa montagem foi revisitada. Ela, que ao ser trocada por uma mulher mais jovem e rica por seu marido, Jasão, comete uma vingança que faz por mudar a vida de todos.

Com direção da gonçalense Érika Ferreira, que não deixa passar barato no quesito teatral, já era esperado algo novo, bonito, contestador e reflexivo. O teatro imagem abrindo como se numa comissão de frente já anunciava novidades. A venda em cada um dos atores abriram ainda mais os olhos da coluna, acompanhando a cada detalhe. Ferreira é mais uma que leva o nome da sua terra-natal para diversos palcos do Rio e Grande Rio, com maestria e premiações na bagagem.


Claudia Macedo no papel de “Medeia”, revoltas, gemidos e dores que refletem na vida de muitas mulheres, onde mesmo acompanhadas sentem-se sozinhas. A interpretação, o canto e o figurino de Macedo anunciavam o gênero de sua saga: a tragédia.

Sob a direção de Reinaldo Dutra, os movimentos casaram com as propostas de encenação de Érika, ora o elenco se distribuindo ora se encontrando em quadros. A cena de entrega do roteiro aos atores como numa tela de súplica, tendo em vista a energia de cada um conectada a do outro, foi uma das provas vivas.

Kadú Monteiro, no papel de Alasão, jogou uma bola redonda com “Medeia” e emocionou no solo/ capela de “O Meu Guri”, composição de Chico Buarque, para uma atitude de sua traída esposa, naquele cenário intimista. Os acordes de Fábio Pereira, os batuques da atriz Rhaiany Soares, o canto do Orixá do Ferro, são partes da direção musical de Monteiro. A iluminação de Sylvio Moura, detalhada para o elenco que necessitava ler em cena, muito ajudou.

Homenagem a uma Diva brasileira

Bibi Ferreira – a Diva dos palcos -, que recentemente foi brilhar lá em cima, recebeu uma homenagem com performance inspirada em “A Gota D’Água, emocionando a plateia e o elenco.

Assim ocorreu a primeira leitura do Ciclo da ATACEN (Associação dos Trabalhadores de Teatro de Niterói), 2019, com o vice-presidente Marcelo Mattos, falando sobre a importância da cultura em Niterói, orçamentos, mais respeito à classe, onde, assim, aproveitou para apresentar a intérprete em libras, Jéssica Gringa, que acompanhará as demais leituras do ano, nesse tradicional palco brasileiro.

As leituras são gratuitas e acontecem uma vez por mês, às 19h. Distribuição de senhas sempre 1 (uma) hora antes.


FICHA TÉCNICA

texto: Eurípedes

direção: Erika Ferreira

dir. de movimento: Reinaldo Dutra

dir. musical: Kadú Monteiro

músico- Fabio Pereira

elenco: Claudia Macedo, Rhaiany Soares, Kadú Monteiro, Ivan de Oliveira, Danuza Formentini, Cynthia Lima, Carolina Malaquias, Cris Mathias, Cris Ribeiro, Tatiane Lucas, Clara Taranto, Uriel Dames e Bruno Rosa

Serviço

Teatro Municipal de Niterói

Rua: XV de Novembro, 35, Centro, Niterói.

Telefone: 2620-1624

Capacidade : 400 lugares


André Santana é escritor, poeta, ator, produtor artístico e colunista de teatro do Jornal Daki.

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