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Foto do escritorJornal Daki

Apoio ao Jornalismo, por Mário Lima Jr.



Se o Presidente da República perdeu a cabeça nas redes sociais, onde chama reportagens que reproduzem o próprio Diário Oficial da União de “fake news”, a situação exige dos brasileiros um comportamento especial. Não há mais espaço para mitos incorruptíveis no imaginário popular. O país precisa, mais do que em qualquer outra época, de pessoas dedicadas a buscar fontes confiáveis de informação, que apoiem o Jornalismo.

Até o dia 11 de março, Jair Bolsonaro atacou ou questionou a imprensa nacional através do Twitter 29 vezes, segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo. Desde o início do governo, Bolsonaro não ficou mais de três dias sem desacreditar o Jornalismo, pilar da nossa democracia. Para não deixar dúvidas, a matéria online exibe as postagens do presidente. Ao invés de apresentarem argumentos consistentes, elas são irônicas e abusam de frases de efeito para acusar a imprensa de manipular e desinformar.

A Justiça brasileira oferece ferramentas de defesa caso alguém se sinta caluniado. Bolsonaro afirma que é perseguido por notícias falsas, contudo, prefere inflamar sua militância, não raro compartilhando conteúdo de veículos sem qualquer capacitação jornalística e respeito à verdade, ao invés de manter o decoro presidencial.

Dois aspectos são extremamente preocupantes. O esforço pelas redes sociais para afastar seus milhões de seguidores de reportagens que cumpriram, claramente, a apuração dos fatos indica que a família Bolsonaro pode não sair isenta das investigações atuais envolvendo laranjas e milicianos. Investigações onde a imprensa exerce papel fundamental, várias vezes antecipando provas e teorias que mais tarde são confirmadas pela polícia.

A segunda preocupação é a reação das pessoas. Diante da notícia falsa de que a jornalista Constança Rezende tem a intenção de arruinar o senador Flavio Bolsonaro e o governo, seguidores de Bolsonaro imediatamente promoveram o linchamento virtual de Constança. Acompanhava a notícia um áudio em Inglês, de má qualidade e mal traduzido, mas sequer buscaram a interpretação de um falante nativo, uma segunda opinião. Ameaçaram, xingaram, ofenderam e amaldiçoaram um ser humano como se descarregassem sua raiva sobre o diabo. Em pouco tempo, o portal francês onde originalmente foi publicada a fake news envolvendo Constança declarou que o conteúdo era falso e que não tinha responsabilidade sobre ele. E o caso entrou para a longa lista de injustiças e vexames cometidos pelo Presidente do Brasil, há menos de três meses no poder.

O governo Bolsonaro é um estado de exceção, no qual o chefe do Executivo tenta impedir o debate público e o conhecimento da verdade através dos órgãos competentes. Em uma época em que nunca se viu volume tão grande de dados, está cada vez mais difícil fazer com que a Lei de Acesso à Informação seja cumprida. O presidente pretende transformar seus partidários e a si mesmo na única fonte de consulta a respeito das ações do governo, e o ódio contra a esquerda e a ingenuidade destacam mais um tuíte bobo do que uma reportagem com fontes e referências.

O Jornalismo ainda não tem o alcance e a diversidade que o Brasil merece. Seu desenvolvimento estimula uma sociedade livre, que não acredita facilmente em notícias falsas compartilhadas pelo presidente.


Mário Lima Jr. é escritor.

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