Partidos mudam de nome, mas continuam iguaizinhos
Fenômeno se dá no ambiente de crise de representação partidária
Sabe o DEM, o Democratas, presidido pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia? Então, esse partido, lá atrás, mais precisamente em 1965, foi criado sob o nome de Aliança Renovadora Nacional (ARENA) para dar sustentação à ditadura militar.
Desgastado com o fim do regime, mudou de nome para Partido da Frente Liberal (PFL) em 1985. Finalmente em 2007, a ARENA (sem trocadilho) se renova como Democratas (DEM), mas as práticas partidárias são as mesmas: consevadoras, ultraliberais e antinacionais.
O PMDB já foi MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que era o único partido permitido pelo regime de exceção. Na redemocratização colocou o "P" na frente, mas com o desgaste dos últimos anos, simbolizado nos atos de corrupção e no golpe parlamentar contra Dilma Rouuseff, derrubou o P para tentar voltar ao seu leito original, pelo menos no nome, mas com a mesma liderança de Temer, Jucá...
Outros partidos mudaram de nome na esteira da crise de representatividade: o Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB) virou Avante. O PEN, Partido Ecológico Nacional, se chama Patriota, e o Partido Social Democrata Cristão (PSDC), fundado em 1995, agora é simplesmente Democracia Cristã (DC).
Caso bizarro mesmo é do antigo Partido Trabalhista Nacional (PTN) que agora se chama Podemos, plágio evidente do seu homônimo espanhol. Sobre isso, o deputado do partido lá na Espanha, Rafael Mayoral, se pronunciou através de uma rede social.
- A verdade é que nós queremos dizer, muito claramente, que não tem nada a ver com a gente aqueles que defendem o Temer.(…) Podemos está com os setores populares e na luta pelo resgate da democracia - disse o parlamentar espanhol.
Mico.
O Podemos brasieliro votou a favor da reforma trabalhista, que flexibilizou direitos históricos dos trabalhadores, da Emenda Constitucional 95, que congelou o investimento público por 20 anos, pela intervenção federal-militar no Rio de Janeiro, e se posiciona contrário à taxação de grandes fortunas.
Álvaro Dias é candidato do Podemos à Presidência e o ex-jogador Romário concorre ao governo do estado do Rio.
- Quando pensamos no fenômeno de mudança de nome dos partido, nós podemos fazer a seguinte analogia: o cidadão comum busca comprar um carro novo, ou seja, ele quer uma opção melhor do que a que ele possui. O vendedor do carro, que é o partido político, não consegue por incapacidade ou falta de vontade transformar os modelos que ele possuir em um modelo novo.
O resultado fundamental dessa questão é que os partidos hoje têm mudado o seu produto, fazendo uma maquiagem, uma nova pintura sobre o carro, e tentam convencer você, cidadão comum, e eu, de que essa nova versão é um produto novo - explica Creomar de Souza, professor da Universidade Católica de Brasília (UCB).
Antônio Augusto Queiróz, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), diz que a estratégia dos partidos desrespeita o eleitor que aspira por renovação do cenário político.
- Esses partidos desprezam a ideologia, a doutrina, a defesa de programa, de ideias, que é o que deve ser o ponto central de qualquer partido, e buscam tratar o partido como se fosse um produto comercial, a partir da propaganda, como se faz com uma marca de sabonete, tentar agregar eleitores a partir daí - afirma Queiroz.
O Brasil é um dos países com o maior número de partidos políticos de todo o mundo, com 36 legendas registradas junto à Justiça Eleitoral.
Com informações de Brasil de Fato.