Contrariado, Diney Marins apresenta suas armas contra o governo Nanci
O vereador e presidente da Câmara Diney Marins é conhecido pelo seu pavio curto quando se sente contrariado.
Na sessão legislativa de ontem (27), Marins subiu à Tribuna - coisa incomum para o presidente da Casa - e chutou o pau da barraca contra o governo e ameaçou transformar toda e qualquer audiência pública em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), um recado claro e extremo de não dar paz ao prefeito José Luiz Nanci.
Não só isso. Sob olhares surpresos e incrédulos de vereadores de situação e oposição, Marins - que é ou era da base de Nanci - prometeu levar ao Ministério Público denúncias contra o governo, ao mesmo tempo que insinuou criar dificuldades à aprovação da Mensagem Executiva que reordena o código tributário do município.
A equipe técnica do governo conta com o reordenamento tributário para equilibrar as contas públicas e aumentar a arrecadação.
Não é a primeira vez que Marins tem um arroubo parlamentar numa sessão plenária. Em abril de 2015, no meio de uma forte crise do governo Mulim, o vereador - que também era presidente da Casa Legislativa - cortou solitária e unilateralmente relações institucionais com o Executivo.
O motivo oficial do rompimento era a permanência do então secretário de Educação, Claudio Mendonça, no cargo. Mendonça cairia dias depois.
Logo em seguida, Marins se desculparia com o prefeito pela forma heterodoxa com que tratou um outro Poder; e jurou a ele, Mulim, lealdade e gratidão. O ex-prefeito foi o principal responsável pela vitória de Marins para presidir a Câmara em 2013.
Em julho de 2015, Mulim anunciaria, ao lado de Marins, a construção de um centro poliesportivo no Mutuá, base eleitoral do presidente da Câmara. As obras foram iniciadas mas não terminaram.
Dessa vez, o motivo do enfrentamento direto não é só por espaço no governo: a ambição de Marins de ser o candidato preferencial do prefeito à Alerj.
Fontes dos dois lados (governo e Câmara) afirmam que os ânimos nos bastidores estão exaltados já em função da campanha a deputado estadual e federal e à indefinição do Executivo em quem apoiar.
Marins acusa a primeira-dama Eliane Nanci - sempre ela - de intromissão política indevida no processo de escolha pelo prefeito das alianças e da nominata do governo para as eleições de 2018.
- O caldo entornou de vez entre os vereadores e o governo, e o pivô disso tudo é a Eliane. A indignação contra ela é geral e irrestrita, e agora os vereadores ganharam um porta-voz de peso que é o Diney (Marins), que tem o poder real de fazer a máquina do governo parar. O Diney pode se transformar no que o (Eduardo) Cunha foi para Dilma. Tá na cara que essa atitude do Diney é uma chantagem contra o governo. Já fez isso antes com o Neilton (Mulim) - alerta um interlocutor em anonimato.
Para fins de registro: Eduardo Cunha foi o responsável por paralisar o governo Dilma em 2015, um dos fatores preponderantes para a abertura do impeachment e a queda da presidente no ano seguinte. Cunha queria o apoio do PT, partido da presidente, para ter maioria na Comissão de Ética contra a sua cassação. Dilma não cedeu.
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