Governo Nanci passa pelo 1º grande teste na Câmara
Nanci piscou e os parlamentares retribuíram. Um dia depois de ver publicado em Diário Oficial a exoneração da agora ex-secretária de Infraestrutura Badiá Gabriel e subsecretários de sua pasta, os vereadores acataram o pedido do prefeito e mantiveram por unanimidade todos os vetos do ex-prefeito Neilton Mulim aos projetos apresentados na legislatura passada.
Para convencer até os vereadores autores das proposições a manterem os vetos, o governo alegou 'vício de origem' nas iniciativas, e se comprometeu em transformar em Mensagem Executiva os projetos que não onerem os cofres públicos. Foram ao todo 250 projetos apreciados ontem (23) pelos parlamentares.
- Os nobres vereadores tiveram sensibilidade com a coisa pública. O prefeito se comprometeu em analisar projeto por projeto e, se for pertinente, reenviá-los à Câmara como Mensagem Executiva para aprovação - disse Alexandre Gomes (PSB), vice-líder do governo.
A votação ocorreu em meio a um grande ruído entre executivo e legislativo. Muitos vereadores se mostraram insatisfeitos com a composição do governo e falta de espaço na administração. O prefeito entendeu o recado e promoveu uma minirreforma administrativa e no secretariado para apaziguar os ânimos dos parlamentares da base do governo.
A super-secretaria de Infraestrutura será assumida pelo ex-presidente da extinta Edursan no governo Aparecida Panisset, Aécio Nery, responsável daqui por diante em tocar as obras e administrar os R$ 170 milhões emprestados pela Caixa Econômica para pavimentação e drenagem na cidade.
A subsecretaria de Meio Ambiente, da cota do DEM, volta a ter status de secretaria, e será comandada pelo vereador Fael Abreu, por indicação do presidente do partido, Adolfo Konder.
Com essa ação do prefeito, o acordo firmado com Konder nas eleições, que fora rompido na montagem do governo, é restabelecido. O prefeito ainda estuda a possibilidade de recriar a Secretaria de Urbanismo.
Para o cientista político Helcio Albano, José Luiz Nanci não tinha outra alternativa a não ser promover essas mudanças e dar espaço a aliados que se sentiram alijados na composição inicial do governo. Albano agora acredita que as coisas irão se encaixar, pelo menos até abril do ano que vem, quando começa o período de descompatibilização para as eleições de 2018.
- Não é comum um governo já começar em crise com o legislativo. Isso aponta para uma falta de habilidade lá atrás na composição do governo. O prefeito não tinha outra a coisa a fazer senão redistribuir alguns cargos-chave aos seus aliados que estavam descontentes e já ensaiando uma rebelião contra o governo.
Aparentemente a conta fechou com os vereadores pela votação de ontem na Câmara. Essa estabilidade política deve perdurar pelo menos até abril do ano que vem quando começa o período de descompatibilização dos secretários que irão concorrer nas eleições - acredita Albano.
As mudanças promovidas, que também inclui a secretaria de Administração, sinalizam uma nova postura do governo e retira espaço de atuação da primeira-dama Eliane Nanci, pivô das crises enfrentadas pelo prefeito. Sobre isso, Albano faz um paralelo sobre a votação de ontem:
- Assim como os parlamentares acataram o vício de iniciativa nas suas proposições, Zé Luiz acatou o vício de iniciativa da primeira-dama. No primeiro caso o veto foi mantido, no segundo, o veto foi dado. Pelo menos é assim a leitura que o mundo politico fez das ações promovidas pelo governo.
E um dos efeitos imediatos dessa atitude é o isolamento político do vice-prefeito, Ricardo Pericar, e de Sandro Almeida, que já ensaiavam uma tabelinha oposicionista no Legislativo com cheirinho de conspiração - conclui Albano.
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