Livro diz como o neopentecostalismo devorou a política gonçalense
Atualmente no Brasil - e em São Gonçalo em particular - é impossível não colocar nos cálculos eleitorais o peso do voto religioso, disputado muitas das vezes de modo fratricida de lado a lado do espectro ideológico, à direita e à esquerda.
A participação religiosa na política não é um fenômeno novo, haja vista o PT ter em seu DNA um forte componente católico a partir das organizações de base da Igreja e do que restou da Teologia da Libertação. E fora outros partidos criados com orientação francamente religiosa e cristã após a redemocratização. Porém, algo de mais intenso surgiu nos anos de 1990 com o fortalecimento e expansão do pentecostalismo e do neopentecostalismo à moda brasileira, atingindo em cheio a correlação de forças políticas e eleitorais a partir de então.
É nisso que o professor, geógrafo e urbanista Mauricio Mendes Oliveira se debruça no livro A república abençoada de São Gonçalo, fazendo um recorte espacial bem definido que abrange a cidade de São Gonçalo e, claro, sem esquecer de contextualizar o presente e o passado, experiências alheias e domésticas, para quem vive na cidade e acompanha o desenrolar político da contemporaneidade.
Na obra, estão presentes figuras bastante conhecidas do mundo político do município, como a ex-prefeita Aparecida Panisset e o atual Neilton Mulim, os dois abertamente identificados com o protestantismo evangélico. Em relação a primeira, Oliveira faz uma análise profunda dos seus dois governos (2005/2008 e 2009/2012) e como a mandatária da cidade montou uma máquina eleitoral usando-se de estratagemas administrativos de óbvio favorecimento à sua clientela, até a criação de uma inacreditável e improvável secretaria “para assuntos religiosos”.
A obra é recheada de referências notárias e bibliográficas, desde já transformando-a numa grande fonte de reflexão e pesquisa.
SERVIÇO
A república abençoada de São Gonçalo. OLIVEIRA, Mauricio Mendes. São Gonçalo - Ed. Apologia Brasil, 2014.
R$ 15,00 + taxa de envio pelos Correios.
Exemplares disponíveis aqui.
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