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É preciso mais escutatória do que oratória

Foto do escritor: Jornal DakiJornal Daki

Por Rofa Araújo


Foto: Pixabay
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Escutatória significa “escutar e entender o que está sendo dito sem julgar o que ouviu”. O ouvinte deve se preocupar, inclusive, com a linguagem corporal a fim de demonstrar que está prestando atenção, deixando claro que a mensagem foi compreendida.


Como disse o escritor Rubem Alves no texto “Escutatória”: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil.”


Como existem àqueles que querem aprender a todo custo falar e ser eloquente, palestrante renomado, convencer pela oratória. E onde fica o “escutar”? Falta muito esse dom no ser humano hoje em dia, ainda mais que como diz um adágio popular “Temos uma boca e duas orelhas para ouvir mais e falar menos”. Alguns mais parecem que possuem tem uma orelha e duas bocas devido ao excesso que língua fala em relação ao escutar de verdade.



Ouvir alguém que tanto precisa é um dom e uma arte em tanto. Os terapeutas e psicólogos estão aí para não nos deixar mentir. Já imaginou se também falassem mais do que ouvem? Os pacientes iriam sair do consultório ainda piores do que entraram!


Vivemos num tempo tão sombrio que até mesmo uma notícia quando é ouvida não é nem compreendida pela sua decodificação pelo cérebro. Logo já tem na ponta da língua algo contrário ou mesmo uma deturpação do que foi dito pelo simples fato de que não há paciência para o ouvir e sim uma doença de falar.


Quando numa discussão um lado fala e o outo nem ouve, mas já sabe o que fala e contrapõe o que foi dito, mas nem reagir ao conteúdo assimilado é porque existe um enorme defeito em uma ou nas duas partes. É preciso ouvir bem, respirar fundo, para depois responder, baseado em tudo que decodificou naquele momento.


E, infelizmente, o escutar tem sido um dos maiores problemas da humanidade e causando guerras e discussões desnecessárias. Quem poderia imaginar eu o simples não ouvir poderia chegar a esse ponto?


Se todos querem falar e ser respeitados em suas ideias, primeiro é preciso ouvir bem, para depois, sim, falar numa boa e interagir sem os intragáveis conflitos pela falta de escutar fundamental para o melhor convívio de todos.


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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.

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