A saída para SG é política, por Helcio Albano
O Jornal Daki perguntou a Helcio Albano: São Gonçalo: Essa cidade tem jeito? E ele respondeu assim:
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A saída para SG é política.
Durante muito tempo acreditei que São Gonçalo seria uma impossibilidade. População enorme, arrecadação baixíssima, decadência industrial , ausência de classe média, elite econômica alienígena, classe política rastaquera, movimentos sociais e associações comunitárias inexistentes. Tudo isso dava em mim uma sensação de impotência e de raiva ao mesmo tempo. Não conheço o derrotismo, mas também não sou nenhum imbecil pra ficar dando murro em ponta de faca.
O ‘jeito’ da pergunta, portanto, era dar no pé sem olhar para trás e sem ter algum risco de virar sal, como na fábula bíblica da mulher de Ló.
Só que não. Nao dei no pé e, mesmo com raiva por aqui fiquei. Cursei Hisória na FFP-UERJ e lá montamos um projeto de extensão, o Apologia. Fui, como diz o Fabiano Barreto, me ressignificando no território, mesmo que ainda com muita raiva no coração. Ódio, nunca. Mergulhei fundo na alma gonçalense.
Percorrendo bairrros, favelas, ouvindo histórias, participando de projetos sociais. Nas andanças que tive percebi, como acredita o Graciano neste mesmo debate, que não adianta aqui se encantar com alguma paisagem ou venerar monumentos, porque todos (ou quase todos) já derrubamos. Aqui o belo são as pessoas e suas contradições, suas misérias e superações. E todo gonçalense vive nessa mesma toada; e não adianta nada ter raiva ou odiar essa cidade que é odiar a si mesmo.
São Gonçalo é, de longe. a cidade que mais sofreu com as interpéries do destino, da História. Foi a que mais sofreu com uma fusão territorial-administrativa desastrada imposta pelos militares, que mataram a nossa orla com a contsrução da ponte e da BR-101, atropelando qualquer bom-senso em relação ao meio ambiente e criando o que viria a ser um monstrengo urbanístico. Os mangues do entorno logo secaram e foram ocupados devido à falta de políticas de moradia e da facilidade de ligação com Niterói e Rio. E é justamente lá onde estão os nossos maiores problemas.
A solução para São Gonçalo é política. Não se engane, leitor. Devemos melhorar e ampliar nossa representação, tanto internamente quanto na Alerj e na Cãmara Federal. Aproveitar as brechas do capenga pacto federativo para trazer projetos para a cidade. Aliás, é imperativo implantar um núcleo de projetos na prefeitura em parceria com a sociedade civil para bolarmos saídas para os diversos problemas que temos. Somos um povo pobre, mas criativo.
A identificação para superação da indolência e da mediocridade políticas reinantes é o primeiro passo. São Gonçalo tem jeito, mas nada cai do céu.
Helcio Albano é jornalista editor do Jornal Daki.
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