Sandro Almeida, Eliane Nanci e as voltas que o mundo dá
Ontem (21) o vereador tucano Sandro Almeida deixou o figurino boa praça de lado, subiu o tom e partiu pra cima da primeira-dama e do governo.
Almeida acusa a esposa do prefeito, Eliane Nanci, de ser uma 'eminência parda' que exerce 'ilegalmente função pública no governo'. Para o parlamentar, quem manda e desmanda na prefeitura é a nobre senhora, que oficialmente preside a Comissão de Gestão e Fiscalização da prefeitura, instituída por decreto.
Ora, ora, ora. Almeida deve saber bem o que fala, porque não se passou muito tempo, estava atrás do mesmo balcão hoje ocupado pela senhora Eliane, quando vereadores se queixavam de ser ele, Almeida, figura onipresente no governo trágico do seu então grande amigo Neilton Mulim.
O vereador novato que entende do riscado político, provocou a ira dos vereadores da legislatura passada devido ao grande poder concentrado em suas mãos, que praticamente perdurou por todo o mandato de Mulim. Almeida saiu oficialmente do governo em abril de 2016 para concorrer à vereança.
Eram cinco secretarias, inclusive a de Governo, chefiadas por Almeida, e invariavelmente todas as demandas político-administrativas passavam por ele, sendo por isso chamado pelos parlamentares de prefeito de facto, devido aos constantes sumiços e ausências de seu amigo de Monjolos que a ele delegava oficiosamente as tomadas de decisão.
Almeida, junto ao seu colega Jalmir Junior (PRTB), faz parte da 'bancada do Dejorge' na Câmara, e tem o privilégio de fazer da oposição um porto seguro.
Com o ato de ontem, catalisa e dá voz aos vereadores descontentes, mesmo os da base do governo, que vêem nele uma cidadela oposicionista onde podem canalizar e expressar suas insatisfações evitando exposição direta, possíveis constrangimentos com o prefeito e consequente perda de espaço e cargos na administração.
E o protagonismo de Eliane Nanci no governo é a maior dessas insatisfações e quase um consenso entre os parlamentares. Almeida sabe disso e tem em suas mãos um grande trunfo de barganha na Casa Legislativa.
Diferentemente de agora, quando o governo Nanci apenas se inicia, a rebelião dos vereadores contra o governo Mulim só viria em meados de 2015, quando por muito pouco não foi instalada uma CPI da merenda. Na ocasião, os vereadores queriam apenas uma cabeça na bandeja, a cabeça de Sandro Almeida.
Não, Almeida não perdeu a cabeça. A sua ligação com o prefeito Neilton Mulim era muito profunda para deixá-lo ir para a guilhotina.
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